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segunda-feira, 27 de agosto de 2012

O vento - Sergio Martins






O vento confunde o jogo, vira a mesa, troca a sorte, inverte o quadro...

Já deixei-me levar pelo vento brincalhão que mudou a paisagem revelando o céu estrelado na época em que tudo era miragem, uma breve sensação de felicidade – o vento cálido no corpo não era o mesmo que ventilava minha mente –, pois aquele tal vento nunca conseguia remover a solidão insossa, destronar a balbúrdia do meu dia a dia, me ajudar a reconstruir tudo o que ele mesmo me confiscou e assim, ele me acordava. Eu via o dia colorido e o seu redemoinho cavar buracos na realidade sonhadora, destruir o jardim, agitar o mar... 
Mas ventos sempre mudam...
Hoje sei que é ele, só ele que soprou as poeiras de meus olhos, levantou minha camiseta, me abraçou, adornou meu chão de flores matutinas, me deixou leve, enxugou minhas lágrimas, varreu as impurezas do meu caminho, soprou doces palavras aos meus ouvidos, desfez todos esses muros de areias...

O vento confunde o jogo, vira a mesa, troca a sorte, inverte o quadro...

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