conquistamos nossos desejos e
me pergunto: quem sente a ausência
de uma árvore morta na última estação?
Escrevo porque não posso frear o impossível: controlar as vozes que nascem poeticamente em mim, como a beleza irrefreável do crepúsculo - é a arte quem me guia. Nesse mar há paixão e verdade essenciais a mim, tanto quanto o oxigênio; de modo que é nisto que contém sentido: tornar-me legível (para mim mesmo), ainda que minha caligrafia seja de certa forma ilegível.
A imponente lua desta vida veraneia, sem o meu brilho estelar,
tudo vê; e eu nada
possuo – sentindo apenas o previsível:
o mesmo em si;
ensimesmado pelo medo do mesmo apagão diário.
A beleza toda
do mundo aponta ao insignificante destino:
mentira do
olhar, dos sorrisos, das roupas festivas
e do corpo
dançante sobre a alma inerte: segredos obscuros.
Descanso de dia.
À noite, sobrevivo.
Apavoro-me com
o dia: a luz dos humanos perdidos.
O sol cala verdades
poéticas, entorpece meu prazer
qual falácia destruindo
sonhos – fé insana.
Quero a
escuridão, a companhia dos espíritos que vagam,
sedentos pelo prazer
e pela utopia avessa à razão,
e tudo que amenize
a dor de tua ausência, minha alma penada!
Pois o mundo,
com toda a sua alegria insossa e consumista,
matou a
esperança de enxergar na luz– alguma razão:
criança que
espera em vão pelo retorno de sua amada mãe.