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domingo, 10 de outubro de 2010

A barquinha por Sergio Martins




A barquinha corta o mar deixando um traço branco de espuma por onde passa igual a esquadrilha da fumaça que desenha um coração de nuvem no céu azul, semelhante ao menino que escreve na areia da praia ou a antiga Maria Fumaça dando adeus ao ponto de chegada; feito gelo seco deslizando na água... e é tão diferente dos ônibus que deixam aquela fumaça negra no ar.

A barquinha está cheia de gente. Em meio a tantas pessoas há um menino cheio de felizes sonhos. Do alto da barquinha ele vê os peixinhos saltando, outros se escondendo. Alguns homens nas canoas, tão longe pescando como bonecos bem miúdos. Sua imaginação vai longe pescar todo o belo do mundo, mas logo tem que voltar por causa do toque alto da buzina avisando o término da viagem.  Então, ele observa a barquinha ancorada e o corre-corre de tanta gente apressada se empurrando para pisar em terra firme.

A barquinha se vai, os peixinhos, as gaivotas, os raios solares que ao tocarem a superfície do mar cria uma imensidão de Esmeralda prateada, um imenso e tremulante lençol com variações de azul, verde e dourado ao dedilhar das branquíssimas espumas de pequenas ondas, os pescadores, o cheiro gostoso de mar, o balanço da barquinha e a correria de gente grande e boba que de tanto se apressar como se tivesse medo do mar, se esqueceu de pescar os sonhos...

Chegando à praia, o menino abre sua mochila, pega as folhas de papel e os lápis de cor para retratar a alegria que viu e sentiu. A tardinha cai e igual à barquinha pintando espumas no mar, o menino deixa suas pegadas na areia. A noite vem. O menino volta para casa. E com uma caneta na mão ele olha para a folha de papel que lhe chama para uma viagem, e antes de embarcar no sono ele vai ancorar na folhinha em branco tudo de bom que viveu a bordo da barquinha...

Desenho: Google

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