Escrevo porque não posso frear o impossível: controlar as vozes que nascem poeticamente em mim, como a beleza irrefreável do crepúsculo - é a arte quem me guia. Nesse mar há paixão e verdade essenciais a mim, tanto quanto o oxigênio; de modo que é nisto que contém sentido: tornar-me legível (para mim mesmo), ainda que minha caligrafia seja de certa forma ilegível.
sexta-feira, 3 de setembro de 2010
Soneto aos Ipês de Setembro por Sergio Martins
À bruxaria de teus olhos o estar suave planou,
estendeu-se, regou de orvalho o solo árido
e o sombrio das flores se desfez no cálido
farol de teu gozo: tempo de amor que não voou.
Sobre o calor de tua pele fez-se brisa afetuosa
o meu ser vazio, suas mãos suadas se abrem,
seus cabelos volitam e seus cânticos sobem;
daí termina a agonia desta estrada pedregosa.
Meu corpo destoa e é desconjuntura de atrair dó,
mas se lhe dedilho todo o prazer da alma podes
musicar-me; é quando sou além de uma letra só.
Te vi mui agradecida aos trilhos errantes dessa cidade,
sorrimos felizes iguais Ipês de Setembro e tão logo
atirei as ânsias todas em alto-mar livre da má saudade.
Foto: meu acervo botânico
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