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terça-feira, 5 de julho de 2011

Bossa - por Sergio Martins

                                                                                                                                                                   


De grãos crepusculares foram os beijos, o desejo que flutuava sobre a passageira estação, 
a fogueira branda enfumaçando o pacto de amor...

O mundo festivo se tornou neste belo corpo falecido, abraçado à insensatez das horas, mergulhando o véu e a grinalda na lembrança romântica: a brisa matinal se levanta enquanto a moça se deita sobre a areia da praia, observando a maquiagem desfeita no espelho d'agua, que clareia e reflete o céu nuvioso e calmo – que se tornou o seu embaçado rosto.

Velado pela lua minguante, o buquê de rosas casamenteiras se enterra na areia qual crisântemo– vida suprimida no túmulo. Silente, a noiva abandonada guarda sua aliança nas ondas, degusta o nobre champagne, desenha um coração na maciez úmida que se desfaz na amarga espuma, rega seu vestido ouro branco com flores chuva de prata; mas nada procura, nem mesmo quer se encontrar, apenas se entrega à força da natureza.

Defronte ao mar, que canta a eterna bossa de sua melancolia, todos os dias as ondas entoam a mesma marcha fúnebre, afogando os sonhos, lançando à areia as lembranças felizes, levando o espírito que insiste em se apegar ao corpo funesto corpo. 




13 comentários:

MA FERREIRA disse...

Sérgio...lindo poema..lindas metáforas. Estou comemorando 200 seguidores. Passa lá?


Um beijo..

Ma

André Luiz disse...

Bela composição, Poeta!

Abraços

Carla Fernanda disse...

Um quadro belo de um amor em uma ocasião tão especial e inesquecível.
Beijos e boa noite!!
Carla

SOL da Esteva disse...

Sérgio

Sempre criador de metáforas com sentido belo.

SOL da Esteva
http://acordarsonhando.blogspot.com/

NEL SANTOS disse...

A Bossa de um abandono... lembranças, foi tudo o que restou... nada mais melancólico.

Voltei! Estava com saudades de ler teus textos, Sergio!

Estive sumida porque meu computador precisou de assistência técnica, mas agora já está ok.

Beijos pra ti, e uma boa noite!

Severa Cabral(escritora) disse...

Vc escreve tanto que nos deixa em plena harmonia com nossos pensamentos...
Bjsssssssssss

Peônia disse...

Que belo!
Seus posts são repletos de sensibilidade.
Beijo.

Moisés de Carvalho disse...

Lindo demais , um verdadeiro bouquet!

abraços !

Sandra Gonçalves disse...

E debaixo daquele branco vestido, um coração antes tbem alvo, se enegrece de dor.
beijos achocolatados

Telma Moreira disse...

Estreando aqui...

Pena não vir antes, o tempo ter-me impedido, assim, perdi um tempo precioso de conhecer bossas e árias, por partes, por tudo...
Encantei-me!
Mais devo ler e reler... por além de gostar, tentar descobrir o mistério da alma de um poeta! Ou não! Afinal, segredos fazem parte do "esconder-se" e "revelar-se"... Vamos lá! Creio ter um tempo a ganhar à frente!

Afagos, menino!

Severa Cabral(escritora) disse...

Passando para falar de saudades de tuas escritas...Bjsssssssss

Leninha Brandão disse...

Sergio,lindas imagens ,belas metáforas sempre.Amei esta "insensatez das horas".Você nos revela um novo e apaixonado modo de ler um sentimento.
Bjssss,Leninha.

Smareis disse...

Oi Sérgio, Você é um mestre nas criações de belas metáforas, parabéns amigo. Ler você é sempre um prazer pra mim. Um beijo e ótima semana.

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