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segunda-feira, 1 de outubro de 2018

Do fugidio pássaro - Sergio Martins



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Distante volita o Uirapuru, arremete impossíveis dimensões a quem aspira sua liberdade.

Por um breve instante o vi de perto. Desde então, a chama cresce, dói e arde; matando os voos que jamais alçarei.

Quem o vê é engaiolado e quem o engaiola está sob feitiço ruim, minguando em desgraça.

Só quem o ama entende os prazeres de um voo divino,pois quando se voa acima das torres, nenhum voo é o mesmo... A essa dimensão estão todos que ouviram sua flauta encantada e o amaram.

Assim, o fugidio pássaro cria outros pássaros, os quais, voam alto, levando em suas asas outros pássaros oníricos. O alado feiticeiro libertou meus desejos sedentos pelo deserto, quando a imensidão era coisa alguma e a solidão se traduzia na fuga de minhas asas.

Do pássaro não tenho pena, pois tem de mim todas as penas,de modo que suas penas são suas penalidades e bençãos. Todo Uirapuru é uma astronômica gaiola: qualquer infeliz trocaria uns instantes de felicidade antes de morrer em suas asas a se engaiolar num entediante paraíso.



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