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quinta-feira, 24 de junho de 2021

Olhos de mar noturno

 


           À noite, beira-mar, abraça-se o par – em sombras.
            Desnudos, pés e almas se aquecem na areia macia,
            pois a imensidão abaixo das estrelas é casa comum,
            o lar perfumado em luzes e cores que volitam pelas ondas...

           A praia, o altar, a cama em vinho derramado – que continua arrumada, 
           à espera da beleza que partiu, da única luz capaz de gerar vida, 
           pois amar é ser/ter a divina maternagem da noite...

           Naqueles olhos negros e cintilantes do mar, a liberdade desejava 
           mergulhar, e ao silêncio das sombras, o seu marulhar afagava, 
           acalmava...

          À noite, o mar é este corpo nu, cuja fome é de eternidade. 
          E quando nele se mergulha, tem-se a alegria de ser possuído pelo prazer 
          infindo e a certeza da felicidade que seria ouvir sua voz melodiar
          o corpo e a alma para sempre. 

         Quando se conhece o mar, ele jamais deixa de existir,
         ao passo que o adeus e a eternidade nadam em suas águas, 
         pois são nada-tempo, lugar nenhum...                          


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