As vozes do mar
Escrevo pela ilusão de eternizar a beleza, pois é dessa poética que se alimentam os amantes da arte. O que realmente interessa-me é não frear o impossível: controlar as palavras - é a arte quem me guia. No momento em que as palavras me conduzem, mesmo levado pelas ilusões, exponho minhas únicas verdades... É nisto que contém sentido: tornar-me legível (para mim mesmo) mesmo com certa medida de obscuridade.
quinta-feira, 27 de janeiro de 2022
Supernova vermelha
domingo, 12 de setembro de 2021
Árvore da minha vida - Sergio Martins
Bêbada, igual a mim, de amor,
minha voz apenas sabe dizer
e dizer que dizer é nada dizer.
Toda a minha dança esquisita é só vontade,
loucura de saudade que me leva e traz a você,
pois meu caminho só encontra o seu – coração.
Floresço porque floresces, linda árvore
da minha alegria e dos meus bons sonhos!
Desejo ser os frutos de seus desejos,
porque quando te vi pela primeira vez,
desconheci vida (mal)passada:
tornei-me seu poeta.
domingo, 1 de agosto de 2021
E agora, Mané?
E agora, Mané? O seu revólver não chegou, a inflação aumentou, a luta anticorrupção e pela família tradicional era só para panfletar a falsa idoneidade dos homens de bem que tem Deus acima de todos e o dinheiro (dos oprimidos) acima de tudo.
terça-feira, 29 de junho de 2021
Seios de penas negras - Sergio Martins
É uma bela fotografia:
quinta-feira, 24 de junho de 2021
Olhos de mar noturno
À noite, beira-mar, abraça-se o par – em sombras.
Desnudos, pés e almas se aquecem na areia macia,
pois a imensidão abaixo das estrelas é casa comum,
o lar perfumado em luzes e cores que volitam pelas ondas...
A praia, o altar, a cama em vinho derramado – que continua arrumada,
pois amar é ser/ter a divina maternagem da noite...
Naqueles olhos negros e cintilantes do mar, a liberdade desejava
À noite, o mar é este corpo nu, cuja fome é de eternidade.
terça-feira, 15 de junho de 2021
Grumari - Sergio Martins
Os dedos de flores brancas marcam nosso lugar e me
acariciam,
as ondas da praia parecem celebrar mais esse
festivo verão,
que é o eterno laço entre nós: músicas calmas que
brincam
e aumentam a constante paz de nossos olhos,
risos flutuantes de nossa alma aventureira...
Juntos sempre temos esse renovador passeio - para dentro de nós...
Bailando pela montanha, a brisa nos abraça,
apontando o caminho de volta
(o melhor da ida é saber que se tem um lar nos
esperando), e nossos pés
na areia jamais serão as desventuras de um ogro mar
- aí espumando suas
ondas.
Ouvimos, das conchas em suas mãos, a voz divina do mar: tudo foi uma breve e intensa tempestade...
E rimos de nós mesmos, zombando
de tudo e entoando a infantil cantiga:
Ogro mar aí, não!
Ogro mar, aí não!
Ô, Grumari, sim!
O Grumari-que sempre será nosso lar doce lar...
Rua ouvinte - Sergio Martins
Insisto em passar pela nossa rua − que
ouve apenas,
mas nada falo, pois sou ébrio ouvinte
das batidas fortes do coração pedinte
que tropeça nas próprias penas.
Procuro em sábados ensolarados por
alguma cor
que não rime com dor, e chego à rua
sem flor,
que mistura nostalgia ao seu sabor
de lembrança feliz em torpor.
Todas as ruas passeiam os seus passos
de vaivém
e me levam a nossa rua − que ouve
minha elegia.
Aqui o tempo para e não sinto mais
ninguém,
embora tudo se agite em samba e
alegria.
Eu sempre sei o que virá: aquele
mundo belo e aquém,
mesmo assim eu vou à rua que ouve meu
requiém...
Na Rua do Ouvidor meu sonho é normal
e além...
Na rua do amor tem lugar para nós
também.
sábado, 12 de junho de 2021
Aos namorados - Sergio Martins
Rubem Alves afirmou que “amar
é ter um pássaro pousado no dedo. Quem tem um pássaro pousado no dedo sabe que,
a qualquer momento, ele pode voar”. Eu acrescentaria a essa ideia as
borboletas, pois há tempos, ouço a suave voz:
“borboletas no estômago”. Até que, semelhantemente aos importantes eventos que
acontecem na distração, percebi uma borboleta sobre uma amora. Amei a cena!
Entendi a razão de as borboletas se agitarem no meu estômago: a poesia flertou
comigo. Fiquei enamorado.
Amor é feitiço que possui a alma dos distraídos – Eros/cupido entende disso... Namoro é coisa de adolescente. Eu sei disso porque nunca passei dessa boa fase, como se houvesse uma conspiração do destino em me aprisionar nesse labirinto encantado que impede a vida adulta (um velho enamorado retorna à adolescência) ou a adulteração do que de fato é vida; portanto, aqui, onde o olhar poético é o modo mais cristalino de pensar a vida (tenho um caso de amor com a vida), todos os dias são novos e meus\dos namorados...
Amar é ter poder, mas também é perdê-lo... E não seria essa a contradição dos deuses: sentir-se absoluto e livre pela paixão aos mortais e ao mesmo tempo preso e subserviente pelo sentimento aos humanos que criou? Os deuses sóbrios não sofrem as loucuras dos deuses tiranos, pois sabem que possuir é ser possuído, ter o poder (amor) é estar submetido ao poder (amor) e abrir mão do controle – sobre as asas alheias.
O aprisionamento e a possessividade são miragens
psicológicas no deserto existencial; logo, possuir asas alheias jamais há de
criar um pássaro capaz de voar. Daí entende-se a triste jornada dos pássaros
engaiolados – pelos seus próprios sentimentos... O amor sempre
basta/ressignifica, preenche, cria sentidos... A liberdade é sagrada e
encantadora.
Eu amo, e amar me é suficiente.
segunda-feira, 31 de maio de 2021
Do luto e do trabalho
quarta-feira, 18 de novembro de 2020
Lírio em lirismo
sexta-feira, 12 de junho de 2020
Labirinto encantado - Sergio Martins
segunda-feira, 1 de junho de 2020
Distopia - Sergio Martins
Entre Bordelaine, Baudelaire e um barato bordô...
Onde a neve é linda sobre as veias azuis...
Eles, sem máscaras, alimentam-se
Da terra dos diamantes de sangue
Que deslizam pelos lábios vermelhos
Da sagrada, carnuda e bela boca negra...
Às costas do Cristo, pelo Velho Oeste, não há boulevard,
Mas as máscaras romantizam o perene clima flamejante,
Sempre perigando feixes de luz em estardalhaços...
Nesta terra quente há flores do mal sem Bodelaire:
Lírica liberdade em decadência, acalentos sofismáticos
E pragmáticos, analgésicos teosóficos me acariciam,
Entretenimentos e namoros embaçam a distopia
E, diante da utopia civilizatória, a religião atenua
Os outros, chateando-me os ouvidos, de igual modo,
A vitimização e os dramas entediantes dos privilegiados...
Ébrios e nus, vemos o pôr do sol
E, tão logo, as taças se beijam: Tim-Tim!
Até se quebrarem em rima ruim
E ao conto de faRda – a Zona Onírica em estopim:
- Perdeu, neguim!
Mais um dia de cine Hitchcock, diabólico festim...
O cigarro relaxa a espera da Primavera Tupiniquim
Entre Bordelaine, Baudelaire e um barato bordô...
Sobre(a)ssaltados (Sobre os casos Adriel Bispo e George Floyd) Sergio Martins
A morte do mito - Sergio Martins
domingo, 10 de maio de 2020
Estrelas – Sergio Martins
À noite, acendiam-se as luzes dos barracos. A favela brilhava, degradando a reputação e a paz dos suntuosos casarões, num espetáculo de cores: traçantes estampidos aturdindo silêncios e sonhos...
Mesmo silente, o morro gritava seus tortuosos becos: ser mudo e ao mesmo tempo poesia...
A comunidade é um palco alvejado por suas próprias estrelas...
Lua boa - noite! — Sergio Martins
terça-feira, 28 de abril de 2020
Origem e destino - Sergio Martins
A terra é o homem: tudo o que ambos (se) plantaram.
Origem e destino...
O homem é tudo o que permanece: após a cansativa travessia, o descanso em paz de sua terra.
Origem e destino...
terça-feira, 14 de abril de 2020
Tema para triste canção
quinta-feira, 9 de abril de 2020
Realejo - Sergio Martins
terça-feira, 7 de abril de 2020
A Luz do amanhã II - Sergio Martins
segunda-feira, 6 de abril de 2020
De dentro para dentro - Sergio Martins
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"A guerra nunca é um fim último (...) Na terra de quem ama, até a morte é adubo e a tragédia, fecu ndidade."