Na festança de halloween, o menino
homem, aquele tímido lobo, ainda esperava sua lua cheia a fim de revelar sua
identidade oculta. As bruxas, os zumbis, monstros e todos os seres
fantasmagóricos aproveitavam a noite agradável, deliciando-se com suas presas, mas
o lobisomem, entristecido, notava na balada uma dança entediante, o murmúrio
inquieto de sua alegria que desejava despontar.
Até que a sua amada entrou no
salão, como um dia ensolarado aniquilando os feitiços malignos; e ele,
envergonhado e mudo, apenas contemplava a majestosa beleza da dama; e ela,
também envergonhada, pareceu entender todo o sofrimento do lobisomem: aquele
miserável e infeliz destino.
Permaneceram cabisbaixos por alguns
minutos, até as tristes e vexaminosas vidas se encararam: o espelho não
quebraria o feitiço daquela danação eterna, mas o sentimento, a luz que, por fim,
divinamente surgiu no olhar de ambos.
A lua cheia já não fazia efeito demoníaco no homem, para a mulher, a vida vampiresca na maldição do amor incorrespondido se quebrara. Ao fim da festa, ambos sem suas vítimas e vitimados pelo amor, experimentaram a prazerosa alegria sob a luz do amanhecer.
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