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quinta-feira, 26 de agosto de 2010

O desencanto - por Sergio Martins


Na festança de halloween, o menino homem, aquele tímido lobo, ainda esperava sua lua cheia a fim de revelar sua identidade oculta. As bruxas, os zumbis, monstros e todos os seres fantasmagóricos aproveitavam a noite agradável, deliciando-se com suas presas, mas o lobisomem, entristecido, notava na balada uma dança entediante, o murmúrio inquieto de sua alegria que desejava despontar.

Até que a sua amada entrou no salão, como um dia ensolarado aniquilando os feitiços malignos; e ele, envergonhado e mudo, apenas contemplava a majestosa beleza da dama; e ela, também envergonhada, pareceu entender todo o sofrimento do lobisomem: aquele miserável e infeliz destino.

Permaneceram cabisbaixos por alguns minutos, até as tristes e vexaminosas vidas se encararam: o espelho não quebraria o feitiço daquela danação eterna, mas o sentimento, a luz que, por fim, divinamente surgiu no olhar de ambos.

A lua cheia já não fazia efeito demoníaco no homem, para a mulher, a vida vampiresca na maldição do amor incorrespondido se quebrara. Ao fim da festa, ambos sem suas vítimas e vitimados pelo amor, experimentaram a prazerosa alegria sob a luz do amanhecer.  

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