Da janela vi salas vazias,
as ruas silentes num adeus,
o pássaro viúvo e os dias
todos num só– sem os teus.
Quando a manhã se faz breve,
agora que é sempre tarde se fechando
nesse céu das cinzas sem neve,
o Agosto é flor da noite abrochando.
É a beleza triste, dor da poética,
o medo de amar, a alma hermética,
o telefone mudo, o dinheiro sem razão,
a arte sem graça, as viagens em vão.
Mas a porta aberta vai permanecer,
aquele mesmo encanto do dia de Natal
e uma bela canção pra me convencer
à ilusão de um novo amor sem ponto final.
Imagem: http://fontesdoidolo.blogspot.com/2008/08/buraco-negro-o-ponto-final-da-terra-o.html
Escrevo porque não posso frear o impossível: controlar as vozes que nascem poeticamente em mim, como a beleza irrefreável do crepúsculo - é a arte quem me guia. Nesse mar há paixão e verdade essenciais a mim, tanto quanto o oxigênio; de modo que é nisto que contém sentido: tornar-me legível (para mim mesmo), ainda que minha caligrafia seja de certa forma ilegível.
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