Tem muita sede o rio adocicado
que desliza veloz de pesar
só para o momento esperado:
livrar-se da margem estreita e se amargar.
No mar, o pescador deixa-se fisgar,
fustiga-se ao sol e ao temporal
só para o momento esperado: às salinas do amar,
feito gaivota, o voo devoto, obscuro e abissal.
Tem prazer a flor triste do sacro altar,
profanado pelo abandono e ingratidão,
só para o momento esperado: ao túmulo arremessar,
qual virgem sem amor e sem par.
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