Escrevo porque não posso frear o impossível: controlar as vozes que nascem poeticamente em mim, como a beleza irrefreável do crepúsculo - é a arte quem me guia. Nesse mar há paixão e verdade essenciais a mim, tanto quanto o oxigênio; de modo que é nisto que contém sentido: tornar-me legível (para mim mesmo), ainda que minha caligrafia seja de certa forma ilegível.
quinta-feira, 28 de outubro de 2010
Soneto a outro Jardim de Cactus por Sergio Martins
A Rosa Branca embebida de orvalho que beijei com calma,
recriou tua boca faminta ao hálito aromático,
e em inseguras metas e um tanto sorumbático,
inclinei meus lábios vencidos de frio para lavar-me à alma.
Num caso de amor com a vida e à beleza temível,
vi a escuridão de toda minha vida qual tema
fúnebre na lua infeliz feito meu único lema
ao perfume de uma morte incessante e inevitável.
Entorpecente, exalou em mim todo aroma de sua crueldade,
foi-se o pólen de sua inocência espargido pelo ar
semelhante a quem amou (de sua vida, apenas a felicidade).
Deitei em sua terra macia, não percebendo que ali seria o fim
do meu escasso e afável pulsar, pois no Jardim de Cactus,
a Rosa Branca era só mais um espinho perdido– dentro de mim.
Imagem: http://digiforum.com.br/viewtopic.php?p=877418
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