
Eu errei, admito. Ela brigou,
me arrependi, ela perdoou.
Foi um tempão sem falar comigo,
mas hoje me chama até de amigo.
Diz que gosta do meu ritmo acelerado e meu futebol detesta;
estou amando, ensaiando um poeminha pra começo de festa.
É de pura fantasia, é de elouquecer,
de voltar ao tempo mágico e reviver.
É de pura molecagem, de prazer gastronômico,
de alegrias rurais, de amor puro e astronômico.
Há belas fotos, fitas cassete, maravilhosas paisagens,
passeio de bicicleta, Belle Époque, novas tatuagens...
Ela é Chanel, expressionismo e vanguardista,
eu sou sua moda, sua onda, seu louco artista,
seu arco-íris, seus muitos flash's disparados,
seu banho de chuva, seus céus estrelados...
Ela me torna um bom menino sem dias iguais,
viajando livre, inspirado, feliz e longe demais.
Faz muita pose: "outdoor vintage new look";
farei dela "my best style, single and book".
Mostrou-me um vídeo engraçado (ela é boa atriz),
vimos o clássico em preto e branco com final feliz,
canta à toa, conta piada, eu ri de chorar.
Isso vai dar jazz. Eu acelero, vou dançar.
Ela "não tá nem aí", é muito doidinha,
disse que vai embarcar na modinha.
Tirei a poeira da máquina de escrever,
já fiz planos para quando o verão nascer,
ela fez caras e bocas, deu outra gargalhada,
comí pipoca na pracinha, fiz muita palhaçada,
faz silêncio pra ouvir o sino da igreja tocar,
bebeu muita cerveja e começou a chorar,
ligou a vitrola, voou Rock de vinil, fumou meus cigarros,
deu-me a flor rosa de seu ipê, bombons, insanos atalhos...
À noite, ela é o outro lado do disco,
eu vou no som, me divirto, me arrisco
e no mar citrino de seus olhos mergulho o antigo inverno
porque sua arte em mim é um lirismo eufórico e eterno.