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quinta-feira, 29 de setembro de 2011

poeminha pra começo de festa - por Sergio Martins

 





Eu errei, admito. Ela brigou,
me arrependi, ela perdoou.
Foi um tempão sem falar comigo,
mas hoje me chama até de amigo.
Diz que gosta do meu ritmo acelerado e meu futebol detesta;
estou amando, ensaiando um poeminha pra começo de festa.
É de pura fantasia, é de elouquecer,
de voltar ao tempo mágico e reviver.
É de pura molecagem, de prazer gastronômico,
de alegrias rurais, de amor puro e astronômico.
Há belas fotos, fitas cassete, maravilhosas paisagens,
passeio de bicicleta, Belle Époque, novas tatuagens...
Ela é Chanel, expressionismo e vanguardista,
eu sou sua moda, sua onda, seu louco artista,
seu arco-íris, seus muitos flash's disparados,
seu banho de chuva, seus céus estrelados...
Ela me torna um bom menino sem dias iguais,
viajando livre, inspirado, feliz e longe demais.
Faz muita pose: "outdoor vintage new look";
farei dela "my best style, single and book".
Mostrou-me um vídeo engraçado (ela é boa atriz),
vimos o clássico em preto e branco com final feliz,
canta à toa, conta piada, eu ri de chorar.
Isso vai dar jazz. Eu acelero, vou dançar.
Ela "não tá nem aí", é muito doidinha,
disse que vai embarcar na modinha.
Tirei a poeira da máquina de escrever,
já fiz planos para quando o verão nascer,
ela fez caras e bocas, deu outra gargalhada, 
comí pipoca na pracinha, fiz muita palhaçada,
faz silêncio pra ouvir o sino da igreja tocar,
bebeu muita cerveja e começou a chorar,
ligou a vitrola, voou Rock de vinil, fumou meus cigarros,
deu-me a flor rosa de seu ipê, bombons, insanos atalhos...
À noite, ela é o outro lado do disco,
eu vou no som, me divirto, me arrisco
e no mar citrino de seus olhos mergulho o antigo inverno
porque sua arte em mim é um lirismo eufórico e eterno.

quarta-feira, 14 de setembro de 2011

Volta ao lar - por Sergio Martins






Não serás a sombra dos meus passos, o eco na montanha ou o luzeiro entre mil faróis.
Serás a estrela primeira clareando junto ao dia, o colo macio após o cansaço, a sempre presente completude de meu ser, o riso após o drama, a limpidez de mar espelhando o divino celeste que desponta em meio ao caos.
Eu serei nada além que eu mesmo - a tua certeza de que a viagem valeu a pena, simplesmente, porque em sua volta ao lar, estarei lhe esperando. E assim, toda a saudade há de enobrecer o momento do reencontro, desconheceremos a ausência, o adeus será um esquecido ensinamento e a solidão, apenas um outro falar.

* Este texto é meu presente aos meus amigos recém casados Leandro Pontes e Viviane Miranda
Foto: Leandro Pontes/ lendonaspontes.blogspot.com

sexta-feira, 2 de setembro de 2011

Prosa de volta - ao lar - por Sergio Martins

                                        


Conheci todas as horas da noite e como um temporal, sua voz desarrumou minha quietude melancólica. Ao passo que girava o mundo, embriaguei-me contigo, não víamos céu limitado e sorvemos toda a juventude desses campos. A euforia procedente do desespero escondido em nosso riso e o medo passaram, quando no meio da perplexidade, ouvi a calmaria melodiar minhas desordenadas estranhezas...
Até que Agosto partiu. Recuperei velhas artes. Senti saudade do lar que construí para ser meu altar. Tenho agora toda a beleza alegre que cultivei no tempo do estio: novos arranjos para as antigas e eternas canções.

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