Escrevo pela ilusão de eternizar a beleza, pois é dessa poética que se alimentam os amantes da arte. O que realmente interessa-me é não frear o impossível: controlar as palavras - é a arte quem me guia. No momento em que as palavras me conduzem, mesmo levado pelas ilusões, exponho minhas únicas verdades... É nisto que contém sentido: tornar-me legível (para mim mesmo) mesmo com certa medida de obscuridade.
domingo, 23 de outubro de 2011
A floresta sombria - por Sergio Martins
Já fiz que nem sei o mais improvável
e todo menos dessa vez foi notável...
Vai verde... Segue a trilha - pra amar.
Tenho só pra mim esta vida - de achar...
Compreendo que é difícil para vocês
entender o meu mundo de "porquês",
de reticências, de questionamentos,
de razões absurdas e sentimentos,
mas já desisti do muito, de toda esta multidão,
aspiro a alma significativa em meio à desolação:
eu e você, amor filosófico sem dó,
poesia simples, infância solta e só.
Quero a caverna de Platão, a arte antropofágica,
o ultra-romantismo, a noite livre da vida apática,
a floresta sombria das ideias, o ser-si-mesmo como norte,
o excesso que me contenha, a historicidade em bela morte...
Sinta então comigo a canção de além mar,
sempre que quiser poderás me degustar
no par de romã, no hedonismo, nesse lar de afã
onde a graça toda é não pretender - o amanhã.
terça-feira, 11 de outubro de 2011
Teteu e Romão por Sergio Martins
Era uma vez dois molecotes: Teteu e Romão.
Romão, o mais velho. Teteu seu único irmão.
Romão tinha força, todavia, baixinho.Quase anão.
O outro parecia um bambu de tão magrelo e grandalhão.
O pequeno, muito sério, respeitado, chato e brigalhão.
O mais novo mostrava os dentes de bobo e brincalhão.
O perna de pau no futebol sempre foi o gigantão.
O pigmeu só sabia de game, computador e televisão.
Teteu, o melhor no basquete, nunca usou escadas
e vivia nas nuvens entre pincéis e canções.
Romão, o duende zangado que detestava fadas,
gostava de ser brabo e de xingar palavrões.
O caçula parecia um poste, amava flores e navegação.
O cabra-macho não engolia desaforo, dava coice e safanão.
Os meninos apelidaram o tampinha de cavalão.
As meninas chamavam Teteu de grande "T". Era o Tezão.
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