Às costas do Cristo Redentor estou.
Às avessas do cartão postal,
à sorte dos deuses do Planalto Central;
à sombra medonha dessa beleza sou
escurecido de pele, plebeu de capital,
coração suburbano, mente sempre à altura
das almas foscas, emagrecidas pela labuta
e enriquecidas de futebol e carnaval.
Na burguesia indiferente e senhora desse litoral
não há lugar para o que vê até mesmo na sua
pobreza a felicidade como liberdade incondicional.
Mas na favela do ser rejeitado mora uma certeza:
Os Cristos profanos que lhe dão uma vida nobre
onde a arte é ciência estranha- poesia e tristeza.