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terça-feira, 24 de julho de 2012

Viagem de volta - Sergio Martins





Ela ouvia música celta, cumprimentava Namasté,
vestia indiana e indígena, preparava meu Frappé,
estimava caveiras mexicanas, fazia Origami,
Habló muy bien, mas tinha amor de Tsunami.


Nem posso reclamar de sua longa viagem,
ela deixou mais do que juntei até aqui.
De profundo, já esqueci do que é margem...
Ela sempre ria quando a chamava de caqui...

Eu fui o que serei e terei lembranças do que sou,
o Julho frívolo terá a mesma fervura pra cozer
e dar tempero a toda vida que nos alimentou;
assim hei de viajar e dar asas àquele prazer.

sexta-feira, 6 de julho de 2012

Soneto do retrato - Sergio Martins

                                                    




A poeira de chuva desembaça a retina do menino impactado pelas visões.
O frio por fora da lente, por dentro, uma paz eufórica- interior oxigenado...
Dançam os namorados ao bolero- a terra remove suas pétreas emoções;
o inverno não é tempo de guerra- reflexo do íntimo no retrato congelado.

A árvore seca remonta a pessoa como de fato ela é- olhar sem maquiagens.
Blocos de gelo deslizam sobre o rio- diamantes criando ilhas cristalinas...
No olhar distante brotam pedrinhas brilhantes- paraíso de imagens,
calma e movimento em vales nebulosos- arte glacial eternizada nas colinas.

Estagnei desorientado frente à névoa sobre os montes metalizados de magia,
feito vapor que sobe do bule para eu me deliciar no café aromático; de fato,
ao captar o subjetivo ali esculpido, senti-me destrinchado pela fotografia.

Na excitante graça de receber a felicidade em tudo que eu pudesse ver
nesse estar-encantado, fico perto de mim - não estou mais onde meu corpo
está - transladado e envaidecido pelos fotógrafos habitantes do meu ser.

quinta-feira, 5 de julho de 2012

Pela sombra - Sergio Martins




Porque estou tão feliz e isto  não é novidade pra você,
é dor advinhar as canções de teu assobio fleumático.
São maravilhosas todas as suas composições e ficções;
mas lembra daquela tão forte luz dourada em que eu mal
enxergava seu rosto e de como seguia feliz pra escola
com seu jeans gasto, tênis rasgado e cabelos coloridos?.

Não me diga nada, nem precisa me olhar do jeito que gosto,
dê um salto pelas ruas e sinta o calor desse dia pois há
tanta clareza fora de nós...
Não precisa pôr seu novo batom, o caro perfume ou este
vestido de sua grife preferida, apenas deixe este sol de
inverno te aquecer e não volte com a mesma pele...

Porque eu me sinto tão feliz e isto não é novidade pra você,
ao menos hoje - deixe o barco correr - meu amor, volte ao
lar doce lar, depois sim, vá pela sombra.

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