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sexta-feira, 12 de junho de 2020

Labirinto encantado - Sergio Martins



Uma borboleta laranja senta-se no chão, perto da amoreira em câmera lenta.  — Vídeo de Stock © van_yog #240063896





Há tempos, ouço a suave voz: “borboletas no estômago”. Até que, semelhantemente aos importantes eventos que acontecem na distração, percebi uma borboleta sobre uma amora. Amei a cena! Entendi a razão de as borboletas se agitarem no meu estômago: fiquei enamorado.

Namoro é coisa de adolescente, feitiço que possui a alma dos distraídos... Eu sei disso porque nunca passei dessa boa fase, como se houvesse uma conspiração do destino em me aprisionar nesse labirinto encantado (adolescência); portanto, aqui onde o olhar poético é o modo mais cristalino de pensar a vida (tenho um caso de amor com a vida), todos os dias são novos e meus\dos namorados...

Borboletas no estômago ou acima de amoras são mágica metáfora: a maior novidade, o singular fascínio para este adolescente... Metamorfoseando a alma dos amantes, todo poético namoro é uma borboleta recém-nascida, e o amor é o seu sustento: a doce amora que nasce todas as manhãs...

Amar é ter parte de Deus. Os amantes sabem que estão enfeitiçados pelo pacto com a imortalidade, mas se sentem livres dentro do labirinto encantado, pois estão satisfeitos em representar a antítese de obscuros mundos – das lagartas que morrem em seus casulos.


segunda-feira, 1 de junho de 2020

Distopia - Sergio Martins

Vinho tinto derramar e formando formato de coração cartazes para a ...


Entre Bordelaine, Baudelaire e um barato bordô...
Os vampiros se divertem
Onde a neve é linda sobre as veias azuis...
Eles, sem máscaras, alimentam-se
Da terra dos diamantes de sangue
Que deslizam pelos lábios vermelhos
Da sagrada, carnuda e bela boca negra...

Entre Bordelaine, Baudelaire e um barato bordô...
Às costas do Cristo, pelo Velho Oeste, não há boulevard,
Mas as máscaras romantizam o perene clima flamejante,
Sempre perigando feixes de luz em estardalhaços...
Nesta terra quente há flores do mal sem Bodelaire:
Lírica liberdade em decadência, acalentos sofismáticos
E pragmáticos, analgésicos teosóficos me acariciam,
Entretenimentos e namoros embaçam a distopia
E, diante da utopia civilizatória, a religião atenua
Os outros, chateando-me os ouvidos, de igual modo,
A vitimização e os dramas entediantes dos privilegiados...

Entre Bordelaine, Baudelaire e um barato bordô...
Ébrios e nus, vemos o pôr do sol
E, tão logo, as taças se beijam: Tim-Tim!
Até se quebrarem em rima ruim
E ao conto de faRda – a Zona Onírica em estopim:
- Perdeu, neguim!
Mais um dia de cine Hitchcock, diabólico festim...
O cigarro relaxa a espera da Primavera Tupiniquim
Entre Bordelaine, Baudelaire e um barato bordô...

Sobre(a)ssaltados (Sobre os casos Adriel Bispo e George Floyd) Sergio Martins

Ainda segue sendo um sonho… – Intervalo em 5




Um por todos
Um por gordo abate
Um porco é divino
E feliz por apenas ser
Outros apenas são
O impropério vão
Da opaca constelação.
Um abatido em prol da minoria
Ainda é maior
E de tudo\todos
A melhor parte,
Que é valiosa
Pois é brilho-poesia.
Todos por um
Quando o desprezo ao desprezível revela
Que pobreza má é o desprendimento
Da origem de todos
Da sagrada Árvore-mãe
O colo do mundo que brilha
O bronzeamento em ouro
Preto e amores
A cor do universo modelada pelo sol.
Recalcado é todo joelho que não se prostra
À Mãe-raiz da vida
Bebe o sangue alheio
Massacra pescoços
E furta o oxigênio dos sufocados devotos.
Mas toda realidade é realeza, pureza e riqueza
Quando se cava as minas da África-arte
O raro e precioso diamante negro.

A morte do mito - Sergio Martins

A corrosão da democracia no Brasil? - Nossa Ciência





Todo mito é (re)criação: mimese, idealização... O amor nos faz mitificar o ser amado – amamos a imagem\representação... Nesse sentido, compreendemos o quanto o amor cria mitos monstruosos: o (pseudo) amor patriótico é sustentado pela fé cega e cruel, o amor ao dinheiro (Jesus disse que esse é a raiz de todos os males) é perigoso, pois dele se alimentam Ares, Thanatos, Hades...
Por outro lado, estilhaçada a imagem que criamos pelo amor, o ser mitificado morre, a idealização romântica fenece: o mito morreu!!! Isso mesmo, quando a representação perde lugar para a realidade, o feio aparece nas falas e atitudes do personagem principal, o ator revela sua vida, suas intenções, suas verdades... O mito morreu!!!

Na quebra de expectativa do (pseudo)amor patriótico, os sanguinários deuses do Planalto Central encenam o teatro dos horrores: eu lírico em deslirismos e o antipoético engenho (que é a catarse da burguesia vampiresca que se alimenta do sangue da plebe) sendo desmascarado à medida que as luzes do palco focaram no ator principal e revelaram novamente a antiga verdade: o rei está nu!!! O mito morreu!!!

É a democracia em pandemônio na Idade das Trevas contemporânea...
Diante da morte do mito, eu, este plebeu amante de Eros, Vênus e Afrodite, espero a Nova Era\Ordem\Consciência\Geração, tratando apenas de tratar com os simples e prazerosos amores, aqueles pelos quais eu vivo e morro – feliz – não sei viver pelo que faz falecer ou é falecido, pois sou serviçal da vida. Foi o mestre Rubem Alves quem me ensinou: “quem está possuído pelo amor não se move bem nas coisas do poder”.
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