
Declinou-se pela colina a névoa fúnebre encortinando o cemitério
(gelo seco mascarando a Nogueira ao calafrio das trepadeiras
onde banhei os dedos ansiando ser amado). E de várias maneiras
sofri a solidão: desfalecimento de fumaça densa, beleza e mistério.
Aquela escuridão enganosa se estilhaçou à clareira lunar
e em parto feliz, concebi minha máxima filosófica:
viver é a melhor recompensa, o resto é angústia histórica
mergulhada neste brio exultante ao dourado estelar.
Até a margem da álgida praia fez-se macia aos pés andarilhos
e endurecidos pelos pedregais escoados da ribanceira agreste;
é que nestas areias cintilam os corações em seus devidos trilhos.
Deitado na grande rodela de ouro abaixo do áureo Ipê amarelo,
a sombra afável de suas copas me espiritualizou enquanto eu
ouvia o meu amor – marulhos flutuantes e dóceis de violoncelo!