Minha pele é fosca e desfolhada pelo lugar ao sol que jamais conhecerá.
O brilho dessa epiderme reflete a feiura e a sujeira dos deuses do/da capital e da urbe..
É dela o cansaço da elegância burguesa, o peso incômodo dos milenares atrasos sociais: película barata da sociedade, mais um filme queimado e obsoleto, camada obscura à margem dos marginais...
Minha pele retalhada de mínimos e atrasados salários é mão de obra escrava e tem as marcas que o INSS não pode apagar; a justiça não pode calcular o ressarcimento de suas escoriações.
Minha pele marcada pelo senhor do império é produto insignificante da África para o enriquecimento da corte, seus machucados cantam a morte do eu lírico e de toda a pele explorada e exploradora dos sonhos que não podem ser realizados; pois de séculos e desse pós-moderno-neoliberal que advém seu sangue pisado pelos reis e Reais que jamais hão de sará-la.
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