Eu tenho um bilhete premiado. Estou louca de empolgação e quero apresentá-lo às minhas amigas.
Enquanto deixei apenas a casa desarrumada, o Antigo levou minha carteira com dinheiro e documentos – nela havia um poema adocicado que eu lhe daria de presente.
Agora eu tenho um Novo - bilhete premiado. E embora ele só retorne do futebol muito tarde, sei que ganhei a sorte grande para toda vida, um companheiro para meus altos e baixos de cortisol e adrenalina, de metanfetaminas, aguardentes, café e cigarros na insônia.
À tarde, quando acordamos sob o crepúsculo de dopamina, ele tem olhar pedinte - miserável e travesso! Eu não sei negar-lhe as migalhas: dou-lhe um beijo com gosto de rivotril...
Eu tenho um bilhete premiado. Mas tenho pena de nós e acho que ele sente o mesmo, pois me disse que também sou o seu bilhete premiado.
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