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quinta-feira, 9 de abril de 2020

Realejo - Sergio Martins




A realeza é o que sempre foi: a beleza do diabo.
Decoração e estilo sem funcionalidades, estética-démodé, concepções e nascimentos em ruínas, esquisitices de conceito e estrutura...
É bonita a realeza? A quem tenta convencer o capitalismo com suas engenharias suntuosas, virais e mortíferas? São magníficas, sombrias e vazias as construções do seu antigo fracasso que aponta a iminente decadência neste adoentado presente, como a celebração funesta da Páscoa dos que esperam o prometido paraíso da meritocracia.

Comamos chocolate! Bebamos e festejemos, pois a nobreza é o novo vírus, a rainha é a louca cruel dos seus reis em xeque-mate! As princesas são as capitais doentes e fúteis, suas drogas são doces, mas enjoativas, e os seus dependentes assistem as danças à sinfonia de suas mortes, após serem seduzidos e aprisionados.

A riqueza genuína ainda rima com a beleza:
O oprimido é sempre maior que o opressor,
pois é dele a alma real, a honra e a pureza;
de suas noites, o sono tranquilo é o senhor.

A páscoa-paixão dos plebeus é a comunhão em boemias:
aqui embaixo, todos os dias há intensos amores e alegrias
do peixe ao pão, dos vinhos aos bons desejos,
reinam a gratidão e a amizade nos pobres vilarejos,
em todos os realengos ouve-se a euforia dos realejos,
o populacho, embriagado de alegria, canta o sábio ditado:
"É melhor a feiura em paz que a beleza do diabo!”

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