
Estradas vazias, praias sem luaus,
longe se vão cartas vãs, vinhos, saraus
entre chocolates, queijos, café, curaus...
São flores longínquas sobrevoando este céu outonal,
mares de más marés, cais inquietos, atalho desigual
no chão, no ar, no antes e aqui, a dúvida em pauta,
a saudade em casa traz tua voz ao som da flauta...
a chuvinha molha o rosto, a brisa seca a rua, acalma;
no amanhã mora a miragem, muitas tardes, na alma...
Esvaindo em dores,
vendo horrores,
apreciando cores, sabores e odores,
tremendo de temores,
dias e noites
escurecendo amores...
Já não sirvo (todo só), não posso tudo, só desejo;
por fim, eletrizado, dopado - silencioso desespero
de espera, de busca, de conflito, de cansaço e de mistério,
desisti do inferno mas não há paraíso, só um lindo cemitério.
Se com febre canto, me complica esta alergia,
não tenhas inveja ou dor, apenas alegria
de saber que é com e por você que vou,
que leio, que escrevo, que fico, que sou
amante, estranho, sempre afim,
louco pelo mundo e por mim,
eufórico, depressivo, mesmo assim,
convicto, sonhador, um tanto feliz,
descrente, decrescente, por um triz,
mas sempre no início vicioso de nosso fim.