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domingo, 14 de dezembro de 2014

Este céu - Sergio Martins





Este céu nublado anuncia a chuva que será apaziguante às inquietações dessa terra. Mas ao derramar-se, a chuva, em mim não é mar que corre para uma baía eufórica e sim, um rio que não pode correr; tornando-se lago doentio para tornar-se chão barrento, esquecido e infértil.
De manhã, à janela, mesmo quando o sol cintila as copas das árvores e ouço a euforia das crianças passando na calçada rumo à escola, o que sinto é apenas imensidão: saudade. A dócil menina reclama que meus olhos só falam tristezas, mas é que do meu corpo flui uma suave canção: um mundo que já foi...
A noite chega trazendo luzeiros festivos de Dezembro, ao passo que solitário e apaixonado, sorrio com as satisfeitas e melancólicas flores do meu quintal. E assim faço-me dormente nas cores que serpenteiam brincando com a seriedade desse mundo numa poética intrigante como se cada dia fosse uma gloriosa morte...

Há sempre esta sinfonia que entardece o céu cuja beleza é indizível e feliz; todavia, aqui onde piso o barro enlameado (feito vazio de domingo em que fotos de dias festivos pesam mais as dores), a tristeza sou eu. 

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