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sábado, 28 de outubro de 2017

Casa Vazia - Sergio Martins









A saudade é agora – espaçando-se pela casa vazia.
É apenas meia-noite e a soma de minhas noites já é meia-vida.
O final do dia é sempre mais um começo – a reclamação de toda a vida que está por vir; pois meus instantes são os ensaios desleixados dos deuses.
Eu tenho muitas flores embora nenhuma me possua; e sinto que esta liberdade é semelhante aos dias derramados em minhas mãos nas tentativas frustradas de segurá-los – é que pertencer a nada é quase uma identidade alienígena...
Se um sonho me aborda, logo se torna breve no tempo que me desperta para outras verdades...
A saudade talvez não seja mais da vida intrauterina, mas da morte que sempre se esconde, ainda que ela (minha bela dona!), espreite e deguste-me com seus românticos olhos.
A saudade... Talvez seja de mim mesmo. Sinto isto quando a casa, no tempo-espaço, está cheia...
A saudade é agora – espaçando-se pela casa vazia.

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