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domingo, 29 de outubro de 2017

Dos corpos que não caem - Sergio Martins








Naquela terra, já em outubro caíam árvores e corpos...
Os ventos que secavam as lágrimas também exauriam sonhos - ondas enfurecidas que feriam e ignoravam a juventude, mas não a levavam consigo; e assim a moça permanecia... Era ela a prova da força cruel do tempo, um cais arrebentado defronte ao seu destino e a partida do amante navio...

Do antigo ipê amarelo, os ventos repaginavam capítulos perdidos, as saudades dos encontros e confissões – chegava-se a arte tardia e primaveril; as flores espiavam as horas friorentas da manhã e a música inquieta que vinha do sopro, dos ares de outrora, tremulava as penas de um pardal, o qual, desolado, lamuriava a solidão e a perda do seu ninho...

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