A poeira de chuva desembaça a retina do menino impactado pelas visões.
O frio por fora da lente, por dentro, uma paz eufórica- interior oxigenado...
Dançam os namorados ao bolero- a terra remove suas pétreas emoções;
o inverno não é tempo de guerra- reflexo do íntimo no retrato congelado.
A árvore seca remonta a pessoa como de fato ela é- olhar sem maquiagens.
Blocos de gelo deslizam sobre o rio- diamantes criando ilhas cristalinas...
No olhar distante brotam pedrinhas brilhantes- paraíso de imagens,
calma e movimento em vales nebulosos- arte glacial eternizada nas colinas.
Estagnei desorientado frente à névoa sobre os montes metalizados de magia,
feito vapor que sobe do bule para eu me deliciar no café aromático; de fato,
ao captar o subjetivo ali esculpido, senti-me destrinchado pela fotografia.
Na excitante graça de receber a felicidade em tudo que eu pudesse ver
nesse estar-encantado, fico perto de mim - não estou mais onde meu corpo
está - transladado e envaidecido pelos fotógrafos habitantes do meu ser.
4 comentários:
Quem mora dentro de nós? Me entusiasma esta idéia original dos fotógrafos interiores. Abraços Sérgio, cada vez mais encantadora tua poesia.
A fotografia eterniza a imagem. Há muitos, Doryan's Gray por aí, envaidecidos pelos seus fotógrafos interiores, e acabam tornando-se escravos da própria imagem. Mas o tempo, o tempo não para.
Fantástico, Sergio!!!!
"O Retrato de Doryan Gray, foi uns dos muitos livros que já li. Bacana recordar!
Beijos,
Nel
Que composição bonita!
há circunstâncias em que penso ser tão desnecessário a certeza de que estamos "dentro de nós mesmos". Parece ser preciso, de outro modo, que continuemos apenas a notar o movimento das coisas.
Abraços e uma ótima semana!
Olá Sérgio!
Belo soneto,
Beijos e ótima semana!
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