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sexta-feira, 1 de novembro de 2013

Outras primaveras - Sergio Martins








Na praia do Flamengo, a tarde desmaiava as cores e o olhar de menina morena parecia uma dança romântica onde o feliz e ébrio namoro faria par. Jamais me esquecerei de seu carinho intrigante e de como fluiu extravagante ao pé de seu ouvido um alegre poeminha.

Menina morena contava-me sobre culinária, o perfume das flores e a arte com toda sua história de tentar eternizar a magia da vida... Entre o encanto e o remar das águas, ela, eufórica, ria demais, fotografava, mergulhava e voltava mais brilhosa, qual verão depois da saudade... Morena menina, com toda sua felicidade, por vezes conseguia me convencer que dos deuses, a morte é apenas falácia... E eu, estradeiro e serrano, recebi um assopro forte de vento, senti muito frio e isso pareceu-me o despertar de outras primaveras... Fiquei absorto. Veio a mim um sorriso quase sarcástico exprimindo o absurdo frígido de minha leveza ao pensar que toda aquela divina beleza jamais poderia frear a impetuosidade de uma cabra-montês cuja viagem é longínqua e permanente.
A tarde, por fim desfalecida, abriu sua estrada escura onde a liberdade acolheu-me suave e macia...

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