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quarta-feira, 31 de outubro de 2012

Rima quebrada por Sergio Martins




Entre Camilas e outras Camélias,
Amanda segue amando - em odisséias -
Vitória que deseja mais Vitórias-Régias,
e Margarida ainda amarra-se em Azaléias...

A cena é bi.
Bipolar.
Bilingue.
Barato moderno.
Minha bicicleta.

A viagem é tri.
Trivial.
Tridimensional.
Tri - pulação
Trigêmeas.

A certinha é Trans.
Sex.
Ual, ual, al-al!!!
Transcendência.
Transloucada.

Ela se sente – o outro. A doida é pan.
Pane, pânico e panelinha.
Panorama em que me vi bem
em pandemônio.


sexta-feira, 26 de outubro de 2012

Do escrever - Sergio Martins






Escrevo pelo prazer, por brincadeira, pela ideia absurda de que é possível eternizar a beleza. E pôr infinidade na beleza é ilusão, e disso vive todo o poeta; de ilusão. Mas se me iludo ao escrever, pouco me importa. Para mim, o que realmente interessa é que no momento em que as palavras me conduzem, até mesmo levado pela ilusão da realidade exponho minhas verdades subjetivas e inconscientes. É aí, no ato de escrever que me encontro; isto é, escrevo para revelar-me. Mera e terminantemente, é isto que me faz um bem excessivo: tornar-me legível (para mim mesmo) ainda que com certa medida de obscuridade...

sexta-feira, 12 de outubro de 2012

Belinha - Sergio Martins








Belinha passou.

Um malandro cantou: fiu-fiu!!!

Belinha parou.

Um gatinho miou, e de emoção, quase não dormiu.

Belinha viajou.

O choroso, tadinho, nunca mais sorriu.

Belinha voltou.

A cidade festejou, a velha árvore floriu.

Belinha dançou.

A cadela muxoxou e até as sobrancelhas franziu.

Belinha chegou.

O bonitão virou bobo da corte. Não viu o buraco e caiu.






O berro da Maritaca - Sergio Martins


  

                                     
                                               
Quando a Maritaca berrou, foi como uma sirene atordoada:

no céu, todo tipo de pássaro numa louca passarada.

Na lama, a vaca brincou de morto-vivo, pois estava atolada,

a paca cobriu-se de mato e ficou camuflada,

dona coelha achou um buraco para ficar entocada,

na árvore, até a preguiça se espreguiçou saindo em disparada.

E distraída, a tão linda e solitária onça pintada

que apenas de passeio passava, ficou sem entender nada,

então, muito triste e mal alimentada,

gritou zangada: que palhaçada!!!

quinta-feira, 4 de outubro de 2012

Dança de ratos - Sergio Martins






Não sou tão malandro quanto pareço,
mas seus rastros foram bem visíveis...
Só percebo o quanto não careço
em seus olhos castanhos e insensíveis.

Não é de culpar, pesar ou choramingar,
já que entre vinhos e queijos ainda estamos...
Não vá brigar, penar ou se emburacar,
pois há mais que migalhas onde zanzamos.

Ontem cavávamos buracos, rodeamos tangos e outros tantos;
agora roemos tudo aquilo que um dia nos roeu...
Deram-se ratoeiras, cambalhotas no escuro e bagunça pelos cantos;
mas quem nasceu e vive no lixo sempre ri depois do que se perdeu.
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