Escrevo porque não posso frear o impossível: controlar as vozes que nascem poeticamente em mim, como a beleza irrefreável do crepúsculo - é a arte quem me guia. Nesse mar há paixão e verdade essenciais a mim, tanto quanto o oxigênio; de modo que é nisto que contém sentido: tornar-me legível (para mim mesmo), ainda que minha caligrafia seja de certa forma ilegível.
quarta-feira, 2 de novembro de 2016
domingo, 23 de outubro de 2016
Ode às deusas - Sergio Martins

Encontrei as significativas maravilhas do mundo, as verdades absolutas do meu universo: a liberdade e a felicidade. E para mim, elas revelam-se irresistíveis e inegociáveis; portanto, há tempos, tornaram-se meu único e eterno norte.
Nesta nova idade das trevas, sei o quanto tudo isto é absurdo para os que não se permitem ao caminhar ébrio e ensandecido de poesia - agarrados a tudo o que é "politicamente correto", moral, concreto, normal, seguro, destemperado...
Liberdade e felicidade: irmãs e deusas gêmeas que regem minha constelação...
Neste universo depressivo e bipolar, ambas as divindades me dão a certeza que, de outra forma, meu caminho seria apenas um fútil e enganoso ensaio.
domingo, 16 de outubro de 2016
Minha pele - Sergio Martins

Minha pele é fosca e desfolhada pelo lugar ao sol que jamais conhecerá.
O brilho dessa epiderme reflete a feiura e a sujeira dos deuses do/da capital e da urbe..
É dela o cansaço da elegância burguesa, o peso incômodo dos milenares atrasos sociais: película barata da sociedade, mais um filme queimado e obsoleto, camada obscura à margem dos marginais...
Minha pele retalhada de mínimos e atrasados salários é mão de obra escrava e tem as marcas que o INSS não pode apagar; a justiça não pode calcular o ressarcimento de suas escoriações.
Minha pele marcada pelo senhor do império é produto insignificante da África para o enriquecimento da corte, seus machucados cantam a morte do eu lírico e de toda a pele explorada e exploradora dos sonhos que não podem ser realizados; pois de séculos e desse pós-moderno-neoliberal que advém seu sangue pisado pelos reis e Reais que jamais hão de sará-la.
domingo, 18 de setembro de 2016
terça-feira, 6 de setembro de 2016
quinta-feira, 18 de agosto de 2016
Sergio Martins - Ensaio sobre divindades
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Nem o conceito oriental sobre Deus como sendo a força emanente e transcendente, nem a concepção-máxima-teológica que rege as vertentes religiosas advindas do cristianismo ocidental; a qual, define ser Ele, um ser pessoal, totalmente bom e que controla todas as coisas dentro e fora do universo. Para mim, acredito que a divindade suprema deveria ser feminina, um grande seio que nos amenta, um colo materno; isto já excluiria o machismo e outros "ismos" que O fizeram "à imagem e à semelhança do macho".
Eu creio é no Grande Mistério. Ora, a Graça está no devir do conhecimento, no prazer da procura e não na "semgracice" dos "explicacionismos". É a sensualidade que me provoca a atenção, o apetite e o prazer, é no erotismo de uma flor que, em desabotoando, bem devagar, pétala por pétala, diante das alegrias e tristezas diárias e naturais, se contrapõe a toda explicação pornográfica dos religiosos que nos rouba o direito do imprevisível, da poética que revela caminhos, questiona e saboreia em vez de criar definições; e é da surpresa, do espanto e do questionamento filosófico diante do óbvio e inexplicável, que se faz um caminho reticente, cheio de luzes e cores.
"As circunstâncias, as motivações e os conceitos sobre as divindades, sem a perspectiva da razão lírica e do pensamento crítico-filosófico, é apenas uma extensão das patologias inconscientes que a psicanálise sabe bem explicar nos seus ensaios sobre sexualidade, medo, posse, culpa, aversão, medo..."
A cada dia amo mais intensamente a beleza e a ela prostro e silencio-me em adoração.
terça-feira, 9 de agosto de 2016
Árvore de cemitério - Sergio Martins

Senti o perfume dos jardins, o sorriso das flores matinais, a dança louca dos namorados, a música festiva dos que temem a morte, o dia se engrandecendo e luzindo a feira das vaidades - que se é chamada “vida real”.
Ah! Vida minha! Passaste veloz e colorida, deixando as lembranças de quando fazíamos um mundo só nosso: transávamos com a fantasia...
Não quero mais a vida com seu bem e mal, seus bons e maus, a manhã, as mentiras dolorosas e as tristes felicidades dos vivos; o que eu amo é este inverno que nunca se despede, a morte eterna e gris que não pode se desprender de mim.
Aqui, além-vida, ao desmaio do sol, ressuscito em minha melancólica Dama da noite: pela madrugada me divirto e sou feliz. Portanto, daquela frívola, sôfrega e bela existência, restou-me esta paixão calma, este tempo romântico à companhia intensa e ardente das sombras uivantes de espectros trovadores - que em suas lápides, recitam madrigais e líricos epitáfios.
Solitário, toca o sino da capela no velório; ao passo que os choros e gritos fazem coro numa perfeita e harmoniosa sinfonia. No enterro de mais um dia, sepultamos nossos lamentos de vidas passadas e; no pôr do sol, celebramos e aplaudimos o teatro dos que desmaiam nas covas, ou em histeria coletiva, atiram-se nas tumbas frias e sombrias de seus amantes.
Ah! Minha bela árvore de cemitério! Tenho em ti a frutescência do amor que me alimenta à luz das velas que bailam sobre o tapete de coroa de rosas murchas, e incineram as lembranças dos verões utópicos e eufóricos dos “vivos”; os quais, jamais conseguiram furtar-me o romance com minha doce e gloriosa morte.
(Árvore de cemitério - Sergio
Martins - asvozesdomar.blogspot.com)
sábado, 23 de julho de 2016
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