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segunda-feira, 4 de fevereiro de 2013

Assombração - Sergio Martins






Foi num domingo que a – louca – amada furtou minha televisão.
Na segunda vez, levou minha cama e o sofá.
Na Terça de Carnaval destruiu meu Abadá.
A Quarta foi magoada folia com chorinho, todo meu mundo sem chão
e, mesmo ao lado dela, a casa ficou vazia – minhas cinzas sem ressurreição.
Na quinta-feira – meu dia de folga - não tive geladeira nem fogão.
Na Sexta, mais volúpia, cama a dois, promessas de regeneração...
Até chegar meu Sábado de Aleluia em que ela trouxe muita aporrinhação,
daí, aborrecido de viver só pra morrer, parti de Finados à poética remissão:
em alforria boêmia ressurgi no bar em boas companhia e diversão, 
livre, definitivamente, daquele ebó-amor de assombração!

Um comentário:

André Foltran disse...

[...] "e mesmo ao lado dela, a casa ficou vazia – minhas cinzas sem ressurreição."

- Ótimo poema!...

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