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segunda-feira, 5 de agosto de 2013

Sofia & Amélie - Sergio Martins

                                                         
Sofia ficou intrigada com a vizinha que enviava flores para ela mesma, pois nunca recebera rosa alguma de alguém.  Até que resolveu plantar uma roseira para a tal senhora.
Amélie não tem ossos de vidro e por isso pode suportar a vida; ela parece ter a força de ajudar o mundo inteiro.  
Sofia ama o ipê roxo que plantou em seu quintal, toma Sundae, solta bolhas de sabão pelo ar, reverencia bailarinas de caixinha de música e adora as crônicas do Rubem Braga.
Amélie dança rock e gosta de balé. Assiste filmes de Almodóvar sem legendas e curte as peças teatrais da tia Emília.
Ambas amam culinária e fotografia, têm máquina datilográfica e vinis dos Beatles, riem de seus pais esquisitos - Undergrounds moderninhos que não podem se livrar da eterna juventude.  Aos domingos, pedalam bicicleta. Quase sempre, passeiam bem devagar em meio à multidão veloz; às vezes, sem destino. Sentam na grama da pracinha, observam as pessoas, talvez, para se sentirem um pouco menos deslocadas.  Elas admiram fadas e mulheres revolucionárias: deusas que criam e cuidam de seus mundos que encantam outros mundos para fugirem do sombrio frígido...
Meninas Sofia e Amélie, distantes, quase se tocam; se tateiam no escuro de suas noites chuvosas, feito irmãs que se amam; como se conhecessem apenas o Rio e seus caminhos das pedras, mas que agora, perdem e acham-se ao navegar em seus mares e nortes desejados...

Um comentário:

frô disse...

Que surpresa! Há mais textos em que mistura Amélie? Tão profundamente belo!
Estou, no momento, a sentir o cheiro de tuas letras! Algo me atrai!

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