Sofia ficou intrigada com a
vizinha que enviava flores para ela mesma, pois nunca recebera rosa alguma de
alguém. Até que resolveu plantar uma
roseira para a tal senhora.
Amélie não tem ossos de vidro e
por isso pode suportar a vida; ela parece ter a força de ajudar o mundo
inteiro.
Sofia ama o ipê roxo que plantou
em seu quintal, toma Sundae, solta bolhas de sabão pelo ar, reverencia
bailarinas de caixinha de música e adora as crônicas do Rubem Braga.
Amélie dança rock e gosta de
balé. Assiste filmes de Almodóvar sem legendas e curte as peças teatrais da tia
Emília.
Ambas amam culinária e
fotografia, têm máquina datilográfica e vinis dos Beatles, riem de seus pais
esquisitos - Undergrounds moderninhos que não podem se livrar da eterna
juventude. Aos domingos, pedalam bicicleta.
Quase sempre, passeiam bem devagar em meio à multidão veloz; às vezes, sem destino.
Sentam na grama da pracinha, observam as pessoas, talvez, para se sentirem um
pouco menos deslocadas. Elas admiram
fadas e mulheres revolucionárias: deusas que criam e cuidam de seus mundos que
encantam outros mundos para fugirem do sombrio frígido...
Meninas Sofia e Amélie, distantes, quase se tocam; se tateiam no escuro de suas noites chuvosas, feito irmãs que se amam; como se conhecessem apenas o Rio e seus caminhos das pedras, mas que agora, perdem e acham-se ao navegar em seus mares e nortes desejados...
Um comentário:
Que surpresa! Há mais textos em que mistura Amélie? Tão profundamente belo!
Estou, no momento, a sentir o cheiro de tuas letras! Algo me atrai!
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