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sexta-feira, 22 de fevereiro de 2013

Amarelo - Sergio Martins






Entre tantos livros e minha coleção de vinil achei um caderno amarelo atrás do armário, qual desfolhagem de outono, e numa folha empoeirada de velhice lia-se um amor em felicidade.
Eu lhe escrevi cartas loucas e lhe entreguei um poema, mas, distraída, ao passo que eu lhe contava “estórias”, dormistes... Você cantou e inibiu-me, dispersando outro poema para longe - de mim...
Foi destoado o tempo todo em que a chuva nos trazia as canções de namorar, pois vimos as sementes de amendoeiras e nossos ipês de agosto sem nunca acharmos o mesmo tom... Enquanto mais uma magia expirava como se todos aqueles fevereiros fossem apenas fim de carnaval, um tipo louco de poema floriu e descobriu-me – dos vazios, dos beijos vãos, dos abraços doloridos - feito um amante reencontrando o indesejado inverno nas páginas antigas e amareladas de seu caderno de poemas.
No tal caderno, desenhado no papel envelhecido, até o sol, o mar, as flores e meu sorriso tinham a mesma cor... É que ela – a poesia - também me deixara assim (no belo e triste amadurecimento de velhice precoce que tem somente o apodrecimento de um tempo feliz): amarelo.

5 comentários:

Unknown disse...

Muitos dos nossos cadernos de apontamentos guardam o cheiro das nossas recordações e da muitas lembranças que se criaram em nós.

Severa Cabral(escritora) disse...

bom dia amigo poeta !!!!
lindo texto...com uma grande reflexão vamos nos sintonizando nas recordações...
bjssssss

Edna Lima disse...

Lindo post. Tenho saudades dos meus cadernos. Os perdi por aí
Boa noite. abraços. Edna

André Foltran disse...

Prosa? Poesia? Não... Este é um exemplo de "PROESIA"!

- Lindo! Muito lindo...

Grande abraço.

André Foltran disse...

Prosa? Poesia? Não... Este é um exemplo de "PROESIA"!

- Lindo! Muito lindo...

Grande abraço.

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