(...) Todavia, é possível fazermos dos fúnebres momentos onde partes nossas se vão com o tempo e com as pessoas, um instante de contemplação e valorização da beleza. É possível que haja partes em nós que foram destruídas pelas pessoas e que existam partes falecidas nas pessoas que assim estão por nossa causa. Uma simples palavra mata a alma despreparada. Um singelo olhar no silêncio de um romance revive a alma adormecida por toda a vida. É na falta do essencial ao bem estar que nos sentimos adentrar ao túmulo. Túmulo é falta, necessidade, ausência. Mas também, é no túmulo que conhecemos a possibilidade de se reviver. O grão de trigo morre para fecundar, com a execução das flores se obtém o melhor perfume, no fogo intenso se produz o brilho do ouro, a beleza única dos lírios mora nos fétidos vales , dos assombrosos bosques ouvem-se os apaziguantes cânticos dos pássaros, na morte da bananeira a solidariedade se acha no broto de amor que ela deixa como herança antes de ir para sempre, na morte de um nasce a esperança de muitos, é por intermédio de uma tragédia que vemos a sociedade se unir e as entidades políticas e religiosas se manifestarem. Ao pé da árvore colhemos o seu fruto delicioso e aromático a nos ensinar que aquele que planta colhe da mesma terra, é a terra alimentando a terra porque somos pó da terra e enquanto não voltamos ao pó da terra, será através da saudade que compreenderemos a falta que fazemos a terra e vice-versa. A chuva no estio nos ensina que toda a felicidade da vida é gratuita, é no trabalho desgastante e na escuridão de um salário deprimente que acendemos a sede de nadarmos nos olhos das crianças, de comermos o pão à mesa com a família, de curtimos um bom filme comendo pipoca, de namorarmos à luz do luar, de plantarmos sorrisos e colhermos a vida grata que desponta todas as manhãs...
Escrevo pela ilusão de eternizar a beleza, pois é dessa poética que se alimentam os amantes da arte. O que realmente interessa-me é não frear o impossível: controlar as palavras - é a arte quem me guia. No momento em que as palavras me conduzem, mesmo levado pelas ilusões, exponho minhas únicas verdades... É nisto que contém sentido: tornar-me legível (para mim mesmo) mesmo com certa medida de obscuridade.
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"A guerra nunca é um fim último (...) Na terra de quem ama, até a morte é adubo e a tragédia, fecu ndidade."
9 comentários:
Viver a beleza dessa vida é o essencial!
Beijão.
Olá, Sérgio.
Que texto mais lindo! Muito reflexivo. Muito intenso.
Essa leitura só fez aumentar a certeza em mim de que muito da vida se faz na morte. Só damos valor à vida pq sabemos um dia não mais vivê-la.
Maravilhoso!
Grande abraço.
"Uma simples palavra mata a alma despreparada."
Não faz idéia do quanto seu texto significou para mim... Maravilhoso.
Beijos, querido.Um lindo dia.
Sérgio..te parabenizar pela sua escrita ja virou lugar comum.
Foi umas das escritas mais encantadoras e cheia de verdades que li.
Fiquei encantada, a ponto de nem saber o que comentar..só dizer que sua escrita toca meu coração.
Bj
Ma Ferreira
Que beleza de texto!... Tens o dom das palavras, e elas mexem muito comigo...
Parabéns, meu escritor! Bjs
Viver a beleza dessa vida é o essencial! ... [2]
#FATO
Sérgio, já estou na sua turma; me encantei com a grandeza da sua visão existencial que dá acontidianeidade a força da ternura, voltarei e sempre virei ver a beleza dos seus escritos; Abraços com carinho, Jorge
Que coisas mais lindas que acabei de ler.
Li a parte I também.
Parabéns,adorei refletir aqui em meio às folhas secas... abraços,chica
Sergio querido,
E a vida é tão bonita, tão bonita!
Mas concordo com a amiga acima:
Muitas vezes só damos valor a vida, quando estamos em vista de perdê-la.
Um grande abraço!
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