A escuridão cobrirá o azul das montanhas enquanto alguém terá a luz da vela. A calada madrugada será os acordes da nova canção - aquela em que o romance para com a vida não morrerá. Sempre que o sol despontar e voarmos os olhos para sua alegria, nos lembraremos de toda penúria de hospital, das perdas significativas, da experiência-quase-morte, das coisas que poderiam... das pessoas que não souberam...
Por esse olhar, o crepúsculo vespertino será metáfora reticente: a volta cotidiana da saudade de ser aquele ser... a graça de fazer da arte um caminho para o mar... então, iremos crer que até mesmo aquela chuva lavou-nos dos absurdos agouros. E até no pico da montanha encoberto pela nevasca, haverá o prazer de contemplar as pequenas luzes que a noite acenderá: a apreciação da beleza mata o medo de altura. Com este modo de pensar a vida, só voltaremos para nós mesmos e nunca ao fútil existencial.
Imagem: Google
2 comentários:
"A mente que se abre a uma nova idéia jamais voltará ao seu tamanho original."(Albert Einstein).
É de um novo olhar que precisamos! Lindo texto!
Bjs!!!
Sim...Nada como um novo olhar de dentro para fora de sí mesmo, ou de um leito hospitalar (ou de ambos)para que mudemos a forma de vermos certas coisas...Muitas coisas...Mais difícil ainda é quando o olhar é de fora para dentro,do alto e ainda assim,vê-se a sí mesmo neste mesmo leito...Dentre outras coisas,depois disso,seguir adiante pode ser ao mesmo tempo assustador e extremamente prazeroso...O que gostavamos tanto,passamos a gostar tão mais (ou não!)e o que pouco nos importava,pode simplesmente inexistir(ou o contrário!)e percebemos,ainda que por um instante,que a vida pode ser sim,ao mesmo tempo cômica e trágica!
PS:(Um dos trechos escritos durante um dos internamentos hospitalares,tendo esse durado 23 dias,nunca publicado,até hoje).
Dica Cardoso
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