A noite:
murmúrios inconfessos, gemidos de pavor, estridentes protestos, histeria coletiva: medo de um agrave maior.
A dor anula a voz. O silêncio dispara pela correnteza das horas e deságua nos badalos calmos e espaçados no pêndulo do coração.
À transparência dessa fúnebre melodia, nunca sabemos se é do corpo ou das emoções a impressão mais acúlea. E é nesse entardecer em que a noite álgida nos espreita, que sentimos o que é ausência. "Solidão é estar unicamente em companhia de si mesmo."
O amanhecer:
o dia nos acorda. Os olhos se abrem e se percebe a paz, o alívio, um sorriso prestes a florir suspenso no cinzento nublado ou seria a beleza do Grande Mistério? Realmente, é um vagar de nuvem toda nossa crença sobre as coisas de além-mar...
O pensamento gira ao passo que nada mais de fora do corpo se ouve. Até que a lâmpada frígida e tremulante no alto do teto desabrocha qual flor da noite. É quando estamos outra vez sem endereço na via desconhecida, abrigados somente pela enigmática Luz do amanhã.







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