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terça-feira, 26 de abril de 2011

Soneto à pintura íntima por Sergio Martins



A face casta e grácil da roseta atraiu-me a seguir
a linha desnuda de sua malévola tortuosidade;
cobriu-me em calda de deleite e escuridade
onde me embrenhei num matagal- eterno partir!

De todas as pétalas, a textura delirante, macia e sutil
apossei os dedos segmentados de um novo valor;
é pequeníssima, madura e real a tez desse labor
que devoro qual ambição egoísta - amores de Abril!

Irrigados ao vinho branco, os lábios róseos e suaves me fizeram aguar.
Melado de gozo, as lágrimas do seu prazer beijaram-me em dança
minorando-me ao desgosto profundo onde à vida me pos a sedentar.

Soltei-me feito músico infeliz anoitecendo ao perfume da brisa oceânica,
preso, qual imenso vácuo a vagar nesse obscuro espaço existencial e
desprezei-me o ser à praga de roséola - juventude em miséria vulcânica!

Foto: Google

5 comentários:

Maria João disse...

Hoje você está inspirado :)

Beijos.

Chris B. disse...

Simplesmente ESTUPENDO!

Beijo com saudades..
Obrigada pelo carinho.
Pat.

Maria Marluce disse...

A inspiração sempre te visitas e nos dão belos poemas de presente.

Cristina Ramalho disse...

Muito lindo!!! ;) bjo

NEL SANTOS disse...

Oi, Sergio!
Aí está algo comum a todos nós, o "vagar nesse obscuro espaço existencial", numa louca procura de nós mesmos...

Deleite-me em sua poesia!

Bjs

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