Na varanda em que ambos se esqueceram do tempo e dormiram na noite fresca sobre a rede macia, resplandeciam agora, quentes e tremulantes as luzes matinais. Pelos corredores e adentrando quartos, a tranquila aragem veraneia soprava o perfume das flores do quintal que a primavera, antes de despedir-se, havia deixado sobre o altar de Dezembro. Ariel acordou com o riso de Esmeralda que exibia na mão uma folha de papel bem amassada. Às gargalhadas, sua menina-flor apresentou a carta que ele havia guardado por muito tempo e talvez, ainda deixaria na gaveta, pois tinha vergonha de mostrá-la. Esmeralda conteve o riso e começou a ler:
“no dia em que rasguei aquele cartão de natal que procurastes tanto, não tentei só apagar minha dolorosa reverência pelas memórias de um passado contraditório; acreditei que poderia, ainda que com muitas dores, fazer de sua ausência uma possibilidade de reconstruir o prazer de estar a sós comigo mesmo e de achar paz e felicidade. Mas quando esta manhã acordou bela e festiva, me vi no espelho demasiadamente fragmentado e vazio, querendo ter fé que na distância, todas as lembranças de nosso desdém, nossas provocações, impaciência, nossos contínuos rasgos e toda a nossa raiva poderiam me livrar de ser um triste andarilho; porém, inevitavelmente, compreendi que jamais aguentaria meu eu-comigo-mesmo, pois o meu ser já era indesprendível do teu.
“no dia em que rasguei aquele cartão de natal que procurastes tanto, não tentei só apagar minha dolorosa reverência pelas memórias de um passado contraditório; acreditei que poderia, ainda que com muitas dores, fazer de sua ausência uma possibilidade de reconstruir o prazer de estar a sós comigo mesmo e de achar paz e felicidade. Mas quando esta manhã acordou bela e festiva, me vi no espelho demasiadamente fragmentado e vazio, querendo ter fé que na distância, todas as lembranças de nosso desdém, nossas provocações, impaciência, nossos contínuos rasgos e toda a nossa raiva poderiam me livrar de ser um triste andarilho; porém, inevitavelmente, compreendi que jamais aguentaria meu eu-comigo-mesmo, pois o meu ser já era indesprendível do teu.
5 comentários:
E não sentimento mais profundo do que o amor, e Ariel com seu jeito menina mulher, desprende de seu amado o sentimentos mais contraditórios possíveis. Sim , confesso que me emocionei com a última parte.
"(...)jamais agüentaria meu eu-comigo-mesmo, pois o meu ser já era indesprendível do teu."
Ariel se tornou uma daqueles personagens que te prendem, e por mais que eu acabe a leitura, fico a imaginar qual será a próxima peripécia dessa criatura! kkkk', Esperando ansiosamente a próxima!
Pelo Facebook, recebi este comentário de meu amigo Júlio Chagas sobre a minissérie de contos Amor de Ariel: "Sérgio, teus versos são sensíveis, sem pieguices; leves, sem artificialismos e profundos, sem excessos e fazem muito bem à alma nestes dias, em que tudo é nada. Precisamos disso: algo que nos tire de nós e nos faça enxergar, e não apenas ver, que o carecemos é muito mais simples do que possa parecer e muito mais complexo do que possam nos dar, além de nós mesmos. Que Deus conserve em ti a arte e a sensilibidade, para encantar a todos nós, e por muito tempo, com o prazer da leitura de tuas palavras. Grande Abraço!"
Essa foi minha resposta ao meu amigo: "Grande amigo Júlio! Muito obrigado pelo seu comentário. Para mim, escrever é mais que um meio de trabalho, é entretenimento, serviço público e sobretudo, uma forma que Deus me concede de agregar e repassar valores e conceitos. Fora a vaidade e o mero afã secular de mostrar intelectualidade, trabalho a beleza literária de forma simples, objetiva e até mesmo repetitiva. Um leitor feito você, que tem a capacidade de reflexão e crítica, faz com que eu exerça meu dom com alegria. Meu prazer é unicamente este: passar adiante toda a Graça que Deus põe em meu olhar diante de um mundo em calamidade. Tenho orgulho de ser aspirante a escritor e anseio, é claro, o profissionalismo, a excelência da arte de escrever; por enquanto, escrevo como um menino a brincar com o alfabeto. Sou grato a Deus por tê-lo como apreciador desses ensaios de quem ainda está muito longe ser um exímio escritor.
Novamente, lhe agradeço pela crítica, a qual, salvei em meus documentos para nunca ser deletada."
oi Sérgio! obrigada pela visita!
gostei do teu espaço também, e as palavras lá no cabeçalho são muito boas! =)
abraços
sophia
olá... bom dia!
gostei daqui também e vamos juntos..
volto com calma e tempo..
abraço e até..
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