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domingo, 12 de dezembro de 2010

Primeira carta (Amor de Ariel - parte 4) por Sergio Martins

Na varanda em que ambos se esqueceram do tempo e dormiram na noite fresca sobre a rede macia, resplandeciam agora, quentes e tremulantes as luzes matinais. Pelos corredores e adentrando quartos, a tranquila aragem veraneia soprava o perfume das flores do quintal que a primavera, antes de despedir-se, havia deixado sobre o altar de Dezembro. Ariel acordou com o riso de Esmeralda que exibia na mão uma folha de papel bem amassada. Às gargalhadas, sua menina-flor apresentou a carta que ele havia guardado por muito tempo e talvez, ainda deixaria na gaveta, pois tinha vergonha de mostrá-la. Esmeralda conteve o riso e começou a ler:
“no dia em que rasguei aquele cartão de natal que procurastes tanto, não tentei só apagar minha dolorosa reverência pelas memórias de um passado contraditório; acreditei que poderia, ainda que com muitas dores, fazer de sua ausência uma possibilidade de reconstruir o prazer de estar a sós comigo mesmo e de achar paz e felicidade. Mas quando esta manhã acordou bela e festiva, me vi no espelho demasiadamente fragmentado e vazio, querendo ter fé que na distância, todas as lembranças de nosso desdém, nossas provocações, impaciência, nossos contínuos rasgos e toda a nossa raiva poderiam me livrar de ser um triste andarilho; porém, inevitavelmente, compreendi que jamais aguentaria meu eu-comigo-mesmo, pois o meu ser já era indesprendível do teu.

5 comentários:

Luanna Saraiva disse...

E não sentimento mais profundo do que o amor, e Ariel com seu jeito menina mulher, desprende de seu amado o sentimentos mais contraditórios possíveis. Sim , confesso que me emocionei com a última parte.
"(...)jamais agüentaria meu eu-comigo-mesmo, pois o meu ser já era indesprendível do teu."
Ariel se tornou uma daqueles personagens que te prendem, e por mais que eu acabe a leitura, fico a imaginar qual será a próxima peripécia dessa criatura! kkkk', Esperando ansiosamente a próxima!

Sergio disse...

Pelo Facebook, recebi este comentário de meu amigo Júlio Chagas sobre a minissérie de contos Amor de Ariel: "Sérgio, teus versos são sensíveis, sem pieguices; leves, sem artificialismos e profundos, sem excessos e fazem muito bem à alma nestes dias, em que tudo é nada. Precisamos disso: algo que nos tire de nós e nos faça enxergar, e não apenas ver, que o carecemos é muito mais simples do que possa parecer e muito mais complexo do que possam nos dar, além de nós mesmos. Que Deus conserve em ti a arte e a sensilibidade, para encantar a todos nós, e por muito tempo, com o prazer da leitura de tuas palavras. Grande Abraço!"

Sergio disse...

Essa foi minha resposta ao meu amigo: "Grande amigo Júlio! Muito obrigado pelo seu comentário. Para mim, escrever é mais que um meio de trabalho, é entretenimento, serviço público e sobretudo, uma forma que Deus me concede de agregar e repassar valores e conceitos. Fora a vaidade e o mero afã secular de mostrar intelectualidade, trabalho a beleza literária de forma simples, objetiva e até mesmo repetitiva. Um leitor feito você, que tem a capacidade de reflexão e crítica, faz com que eu exerça meu dom com alegria. Meu prazer é unicamente este: passar adiante toda a Graça que Deus põe em meu olhar diante de um mundo em calamidade. Tenho orgulho de ser aspirante a escritor e anseio, é claro, o profissionalismo, a excelência da arte de escrever; por enquanto, escrevo como um menino a brincar com o alfabeto. Sou grato a Deus por tê-lo como apreciador desses ensaios de quem ainda está muito longe ser um exímio escritor.
Novamente, lhe agradeço pela crítica, a qual, salvei em meus documentos para nunca ser deletada."

Anônimo disse...

oi Sérgio! obrigada pela visita!
gostei do teu espaço também, e as palavras lá no cabeçalho são muito boas! =)
abraços
sophia

Andréya Rosa disse...

olá... bom dia!
gostei daqui também e vamos juntos..
volto com calma e tempo..

abraço e até..

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