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sexta-feira, 29 de abril de 2011

Luz do amanhã (10 dias que fiquei internado no hospital) - por Sergio Martins



A noite:
murmúrios inconfessos, gemidos de pavor, estridentes protestos, histeria coletiva: medo de um agrave maior.
A dor anula a voz. O silêncio dispara pela correnteza das horas e deságua nos badalos calmos e espaçados no pêndulo do coração.
À transparência dessa fúnebre melodia, nunca sabemos se é do corpo ou das emoções a impressão mais acúlea. E é nesse entardecer em que a noite álgida nos espreita, que sentimos o que é ausência. "Solidão é estar unicamente em companhia de si mesmo."

O amanhecer:
o dia nos acorda. Os olhos se abrem e se percebe a paz, o alívio, um sorriso prestes a florir suspenso no cinzento nublado ou seria a beleza do Grande Mistério? Realmente, é um vagar de nuvem toda nossa crença sobre as coisas de além-mar...
O pensamento gira ao passo que nada mais de fora do corpo se ouve. Até que a lâmpada frígida e tremulante no alto do teto desabrocha qual flor da noite. É quando estamos outra vez sem endereço na via desconhecida, abrigados somente pela enigmática Luz do amanhã.

Foto: Google

3 comentários:

NEL SANTOS disse...

Oi, Sergio!
Traduziste o sentir de muitos que já passaram e passam por um leito de hospital, amigo! Esta, suponho, foi a razão da tua ausência. Que bom saber que estás bem!!!

Abraço carinhoso!!!

maria claudete disse...

Olá Sérgio primeiro fico feliz por você já se sentir bem e deixar aflorar , mesmo nos momentos sombrios, toda sua alma de poeta. Você traduziu de forma ímpar o que se sente neste momento. Abraços. Fica em paz.

Maria João disse...

A melhor parte de tudo isso? O amanhã é sempre mais e melhor :)

Beijinhos.

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