Quando ele pegou o molho de chaves das mãos da moça, ela já tinha ciência de qual porta o seu homem abriria e, ele, na hora do café, sabia sempre que ela apresentaria alguma novidade. Ele gostava de suas trufas, de sua arrumação imposta à sua bagunça, do cuidado e de tamanha gentileza da moça. Já não se importando mais com seus impulsos agressivos, a moça esperava o momento das canções ao telefone, das caretas ao longo do dia, das esquisitices, dos seus sorrisos que o rapaz possivelmente arrancaria com tamanhas palhaçadas.
Até que a vida com suas permanências e provisoriedades, por fim, lançou-lhes tal veredito: a menina permaneceu ilesa como rocha ao violento ataque das ondas por meio de toda sua divina sensibilidade; o moço, provisório e fugidio como areia esvoaçante de mar que não há como segurar, flutuou ao som de suas ondas poéticas deixando para sua mulher aquilo que ela mesma jamais saberia, mas que também havia depositado nele: fragmentos estranhos e belos – saudade e carinho.
Foto: Google
4 comentários:
Tem pessoas que foram feitas para ficar juntas, aconteça o que acontecer. É só deixar a vida nos levar...
Beijo.
Tudo tem um tempo.
Não adianta tentar forçar situações.
"O bom da vida é semear boas sementes, sempre.":)
Um beijo.
Não sei porque, mas tem pessoas que nos marcam profundamente.
Lindo seu texto, querido.
Bjs
É tão bom quando se é lembrado com saudade e carinho!... O que a gente é deixa marcas.
Bjs!!!
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