Outra vez o céu anil se estende sobre as árvores favorecidas pela geada de uma madrugada nebulosa. À música encantadora dos pássaros, uma cintilante manhã se espreguiça sobre os primeiros e ressuretos olhares...
Nova manhã, novo ser, olhar único e ansioso qual flor inocente, sequiosa pela luz.
A primavera vem, degelando os picos das montanhas, convidando as gaivotas e fazendo o colorido brilho na imagem que se embaçou pelo tempo cruel: por ser despertado, o amor foi correspondido...
E quando acharmos que a friagem existencial nos levou tudo de precioso e que não existe mais nada que possa nos tocar a emoção, Setembro chega exaltando o sagrado encanto na magia extravagante dos ipês, trazendo mais uma surpresa agradável, ressuscitando toda a graça do nosso caminho, a história de amor recomeça, resistindo aos ataques, triunfando sobre a idéia que a morte é um fim definitivo. E por trás da colina o sol reacende, dourando as campinas com seus raios oblíquos, ouve-se a festa das cigarras, os crepúsculos se tornam mais jovens, as amendoeiras nos presenteiam com o lindíssimo mar de bronze de suas copas...
É a vida nos despertando a beleza do eterno acreditar...
E então, após muitas primaveras os nossos olhos se inebriam com o feitiço divino e nos tornamos poetas e filósofos; é quando adquirimos a melhor maneira de pensar a vida que é através da poesia viva de cada manhã; pois para quem se alimenta da beleza viver é a melhor recompensa.
Foto: blog Olhares
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