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sábado, 18 de setembro de 2010

Soneto à Maricotinha por Sergio Martins





No quadro, a beleza das olheiras era conceitual,
pois a paixão só habitava os olhos do seu pintor
embebedado pelo encanto, condenado ao amor
de poesia que namorava a sabedoria maternal.

Havia cravos, buço, costas encurvadas, nariz bico de tucano,
palidez, magreza, cabelos desbotados, insegurança e pirraça,
porém, nela ele era feliz trovador, degustava até a última taça
e levitava no farto regozijo de um quinteto para cordas e piano.

Comida boa não tinha, nem a libido que ele desejava,
faltava, por vezes, a romântica feminilidade, a dança
dos lábios e calmantes carícias que ele necessitava.

Não era o que nela faltava, e sim, tudo o que só para ele era ela:
beleza de Carlota Joaquina e imaginação de Júlio Verne!

No adeus da moça ele diz: minha graça completa é a feiura dela.



Foto: Google

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