Escrevo pela ilusão de eternizar a beleza, pois é dessa poética que se alimentam os amantes da arte. O que realmente interessa-me é não frear o impossível: controlar as palavras - é a arte quem me guia. No momento em que as palavras me conduzem, mesmo levado pelas ilusões, exponho minhas únicas verdades... É nisto que contém sentido: tornar-me legível (para mim mesmo) mesmo com certa medida de obscuridade.
sexta-feira, 3 de setembro de 2010
Soneto de Setembro por Sergio Martins
De mais um melódico e nostálgico Setembro
ainda bebo toda a boemia noturna do prazer,
e fumo a lembrança aromática do teu ser
macio; cuja graciosidade bem pouco lembro.
Pelas tardes frias em que faço caminho errante
ao vento alucinante desse adverso primaveril,
teu olhar embaça sob a chuva, e no céu, o anil
se esvai na minha taça crepuscular e amargante.
Por esse ar suave não floresceu tua alma campesina...
Busca e desencontro. Perderam-se, da face da menina,
as maçãs, e dos olhos, as castanhas - agridoce sina.
Aonde puseste a ternura que florias com vigores e audácias?
E como pôde findar as luzes primaveris (com suas falácias)
e os sonhos; se ainda tens metafísicos Ipês e nossas Acácias?
Tela: Monet, "Primavera em Giverny" (1890)
Fonte: Google
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