(...) Não havia jeito. Era fato consumado: o corpo (o crime), estava à sua frente; entregue aos cuidados da cama.
Jazia ali, feliz e inocente o sabedor convicto de que ela, a mais bela, é um abrigo materno; e isto, obviamente, compensa qualquer absurdo; pois não tê-la, por certo, pra quem a conheceu, seria o pior pesadelo. Repito, isto só para quem a conheceu de verdade. Quem a teve, inevitavelmente, se deixou possuir - a beleza é irresistível. E não há do que lamentar-se; porque a saudade da bela dona é o diagnóstico de que valeu a pena viver só pela loucura daquelas horas.
Depois de ter provado da imensurável alegria em sua cama que se estenderia ao corpo por toda a vida, qualquer amante do prazer jamais se acostumaria a acordar nos braços do travesseiro e só. E qualquer rapaz sensato irá compreender a insegurança da menina e não há motivos para moralizar, muito menos para dizer que foi usado; todavia, só quem degustou de tal paraíso conhece o inferno que é acordar e vê-la a velar-te com aqueles grandes olhos de verde mar em aflição, olhar que parece pedir para você ficar e ao mesmo tempo não sabe o que dizer, nem por onde começar a despedir-te. Até chegar o momento do abraço silente, do derradeiro beijo antes da fatalidade. Da demissão. É quando acaba a luz (do quarto - mundo que era nosso) e sobrevém a nós, moleques indefesos, os flash's dos traumas habitantes do universal insconsciente masculino: no dia seguinte, Sheyla, mãe-amiga, menina dócil e assustada perante à selva dos sentimentos, pareceu-nos tão madrasta cruel a lançar-nos na rua tenebrosa entre monstros e fantasmas após às doze badaladas da noite...
Imagem: Google
4 comentários:
Há outro dia após esse dia?
Muito bom esse texto!!
Gostei do seu blog!!
Passando pra conhecer...Amei muito tudo por aqui!
Estou seguindo o caminho!
Abraços no coração
Que construção maravilhosa de palavras para esta continuação... e o modo como transmites as sensações da para vivê-la!
Um beijo lindo...
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