Feliz da vida, Joãozinho veio da roça
com o sonho de bater sua própria bola,
crendo que viver no Rio de Janeiro seria fácil como moer mandioca.
Já chegou cheio de prosa,
tentou ficar na moda,
comprou roupas “da hora”,
jogou pelada e tentou “pegar onda”,
mas não conseguiu imitar o carioca,
pois até no sotaque era motivo de chacota.
Todo dia, bem alegre ia de bola cheia para a escola,
porque gostava de merenda e de aprender e nunca tirou uma cola
em teste ou prova e só tirava nota dez pois não faltava uma aula.
Por isso, achou que podia namorar a Maria Paula,
só que a menina mais linda da “quebrada”
não dava bola para absolutamente nada,
nem para os bombons, ou para a rosa perfumada
que aos pulos, ele apanhava de um muro baixo na estrada,
muito menos para os quadros que ele pintava
e os belos desenhos que ele a ofertava
sempre dando às mãos com um sorriso inocente
de quem acreditava que algum presente,
ainda que fosse uma simples bala ou poesia
faria o gosto da menina e do caipira, a alegria.
Mas ele só batia um bolaço no Xote, no Baião e no Xaxado,
no Rap, Funk e Hip-hop, não passava de um embolado,
na rapadura e no baralho até que era bolachudo,
já no video-game ficava bolado e murcho,
em assunto de estudos nunca tinhas bolas foras,
mas no skate e no computador só “bolada nas costas.”
Sua cabeça estava muito embolotada;
visto que não dava uma bola dentro de coisa sofisticada
e cansado de tanta bolachada,
bola perdida, bola queimada,
bola no travessão e bola quadrada,
percebeu que seu jogo mesmo era outra “parada”.
Foi assim que desistiu de tanta “bolação” por nada
e deixou de ser a “bola da vez” da rapaziada
que só tira zero nas provas, nota máxima em “balada”
e que nunca trabalha. Então, de “boleira adoidada”
se mandou. Voltou pro sertão onde é bom de bola.
Agora, longe de ser “mané carambola”,
de bola em bola e do jeitinho que sempre quis,
sua vida vai bolando no seu campinho de terra simples e feliz.
foto: Google
Escrevo pela ilusão de eternizar a beleza, pois é dessa poética que se alimentam os amantes da arte. O que realmente interessa-me é não frear o impossível: controlar as palavras - é a arte quem me guia. No momento em que as palavras me conduzem, mesmo levado pelas ilusões, exponho minhas únicas verdades... É nisto que contém sentido: tornar-me legível (para mim mesmo) mesmo com certa medida de obscuridade.
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