Ao meu redor, a luz distante é arremessada contra as árvores, os telhados de cerâmica antiga substituem os ninhos– rejuvenescem e brilham amanhecidos como o caminho estreito que florescendo rumo à colina, parte a campina por trás da casa–; e agora, sob à tardinha tem-perada, o meu estar é um estar-fora-de-si, pois é só assim, com essa queda de temperatura que se é possível cair-em-si.
O firmamento em seu pleno anil sorve o nublado ou-tonal dos olhares, e encostado a uma mangueira observo as pedras acesas e submersas– monumentos que testemunham mundos diferentes–, e ao tocá-las, sou absorvido por uma magia onde vislumbrado, também fico numa transição de mundos posto que o real e o surreal, dentro e fora de mim, é uma junção tão simples e fenomenal como este rio manso que passeia em meu olhar...
Entre as duas mangueiras, o riozinho quieto desliza como sempre deve permanecer: Perto e tangível, conquistado e conquistador; da mesma forma como foi designado para mim. Meus pés se afundam no tapete de areia macia e fresca dessas águas, de modo a mover-me como um peixe solto desfrutando a invencível infância... A sombra recai ligeira; enquanto eu acordo longe, orientado pelos horizontes escondidos em meu íntimo. E outra vez, a luz distante que vem por entre as árvores, abraça o brilho dos meus olhos aventureiros, e penso, ingênua e presunçosamente, que toda a claridade desse quadro só existe para perseguir os meus passos.
Texto inspirado no quadro da sala do apartamento dos pais de Leandro http://lendonaspontes.blogspot.com/
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