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quinta-feira, 26 de agosto de 2010

Uma carta sobre um halloween de vergonha por Sergio Martins


E aí meu irmãozão! Tu sabe que não sou muito de curtir baladas. Pra mim, “a balada de uma noite nesta cidade maravilhosa, às vezes me aborda como um murmúrio inquieto de um dia que não pode nascer". Entretanto, não posso negar que ontem tive uma experiência contraditória a este meu raciocínio.
De imediato, acometeu-me um enorme pensamento autocrítico, depois as lembranças daquela fervilhante adolescência. Até que relaxei, mergulhei, nadei na euforia de uma juventude louca que insiste em não me abandonar.

Mas não é que por um instante eu tive vergonha?! Isto mesmo, meu mano, vergonha. Mas uma vergonha esquisita. A vergonha estava na minha miséria que vi nos olhos da menina. Que vergonha, talvez a menina sentiu ao ver meu olhar inebriado (pensei) quando ardido de inibição ela nem quis me encarar! E fiquei ali cabisbaixo, meio sorridente, meio vexado, acreditando em quão rico seríamos se uníssemos a miséria de nosso olhar.

Ah, meu amigão! Só me traz vergonha essa minha tara em apaixonar-me várias vezes e todos os dias pela mesma vida! Na verdade, o que eu amei nela foi meu outro lado: a beleza feliz – a festança incessante que voava bailando de seu corpo extravagante e simples ante à plateia acanhada de meus sentimentos e que por fim, se pôs a desaguar em mim.

E vendo o dia amanhecer, apenas com as frenéticas badaladas do meu íntimo na noite de Halloween, feito um lobisomem em desmanche e um tanto desavergonhado, eu já era outro – no mesmo lugar e sem vítimas.
 
Foto: Google

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