Não seria só o fato de Vênus estar por sobre Marte
ou o brilho dos seus citrinos e hipnotizantes olhos por si só,
era aquilo que nunca entenderias fazendo-me digno de dó:
o amor que me arrebatava, o presente: a arte pela arte.
Não se tratava da vida encurtada, sem paixão,
em tudo havia o sabor do chocolate, da euforia, do sorvete,
do morango em sua boca e das geleiras petrificando o mar verde
- são nuvens de algodão doce que jamais voltarão.
Não poderia ser a rosa gratuita que ao partir me empobrecia,
muito menos as férias das gaivotas no céu, e sim, a minha ânsia
em saber que por nada neste mundo seu coração me chamaria.
Não foi aquele Agosto encarecendo-me a graça da existência,
tampouco a saudade da primavera decorando o canteiro da calçada;
tudo não passava de neblina- da minha casa-: poesia e ausência.
Foto: casa de Aleijadinho
Fonte: Google
Escrevo pela ilusão de eternizar a beleza, pois é dessa poética que se alimentam os amantes da arte. O que realmente interessa-me é não frear o impossível: controlar as palavras - é a arte quem me guia. No momento em que as palavras me conduzem, mesmo levado pelas ilusões, exponho minhas únicas verdades... É nisto que contém sentido: tornar-me legível (para mim mesmo) mesmo com certa medida de obscuridade.
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