é todo tipo de crime:
beleza que agride,
frieza que incide,
tédio por acaso,
marasmo pelo atraso,
horas que entristecem,
dias que aborrecem,
adolescentes que preocupam,
crianças que abortam,
adultos que aterrorizam
entorpecentes que anestesiam,
filosofias que amortizam,
quedas que quedas principiam,
religiões que não aliviam,
infância furtada dos que sonham...
Tudo quanto é gente tem mente decrescente e mente que nem sente;
é o crente-que-é-crente que não se vê ensandecido e que ensandece,
é o descrente se achando inocente do seu problema,
é o vagabundo anunciando que é vítima do sistema.
Vida repugnante,
velhice amargante,
trabalho escravista – suor e sangue em vão,
amor não vingado – pecado sem perdão.
Doença, pobreza, vergonha, medo, fuga, culpa – mais um no rol;
cadê o sonho americano, a democracia, o socialismo, o lugar ao sol?
Humanidade moderna e consumista,
está consumado o humano humanista,
talvez seja apenas uma sensação de inutilidade
por ter sido afundado pela futilidade.
Indiferença à miséria, preconceito total,
superaquecimento global – viva o pregresso universal!
Radioatividade: primeiro mundo, grande potência,
armas de destruição em massa, planeta em emergência.
Tá na moda – falar de solidariedade
Tá uma zona – homicídio, suicídio na cidade
Tá na moda – assistencialismo, lazer e arte na favela
Tira onda – o famoso que dribla, ganha milhões e não se rebela
Tá na cola – a polícia quer o crioulo do morro e o playboy também
Dá revolta – todo tempo, o mundo todo empaca num só vai-e-vem.
É tempo todo de crise
É todo tipo de crime
É tudo parte de um todo: é só paixão, ódio e desdém.
É o todo todo indo ao topo: morte que morte não tem.
Foto: Google
2 comentários:
Com o nó na garganta, com a voz embargada, por não saber o que dizer vou deixar passar. Pelo efeito das palavras, pelo susto do previsto, vou deixar passar. Pelo perigo da mesmice, pela tristeza do meu ser...
vou deixar passar.
Nessa eu passo!
A imagem e a poesia, se misturam como parte integrante uma da outra. O fundo do poço, revelou o meu ser no que lhe é fundo, imóvel, obscuro. Talvez, a arte ainda sirva de deslocamento, de desnaturalização, talvez os versos ainda sejam em prol de uma causa. E vejo o fim desses talvezes ao ler sua alma Sergio e sei que neste caso, o poeta não é um fingidor e que me perdoe meu queridíssimo F. Pessoa. Grande abraços, amigo.
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